Economia

Clínicas Maló ficam sob administrador judicial para negociar dívidas à banca  

Clínicas Maló ficam sob administrador judicial para negociar dívidas à banca  
Antonio Pedro Ferreira

Nas mãos da Atena, o grupo Maló Clinic entra em processo especial de revitalização. Quer aprovar um plano que permita renegociar o passivo. O novo acionista vai investir 4 milhões

Clínicas Maló ficam sob administrador judicial para negociar dívidas à banca  

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Comprado pela entidade especializada em recuperações de empresas, a Atena Equity Partners, a Maló Clinic está em mudança. O novo acionista vai ali colocar 4 milhões de euros, mas, para já, a empresa fica sob administração judicial para poder empreender um processo especial de revitalização (PER).

“No Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, Juízo de Comércio de Lisboa - Juiz 6 de Lisboa foi em 02-08-2019 proferido despacho de nomeação de administrador judicial provisório da empresa: Maló Clinic, S.A.”, indica a entrada no portal Citius, consultada pelo Expresso. Bruno da Costa Pereira é o visado - nos PER, os administradores judiciais recebem a indicação de “provisórios”.

É neste processo que a empresa espera negociar a redução da dívida aos bancos com os credores.

“No âmbito do projeto de revitalização, foi também acordada uma redução de dívida por parte dos parceiros financeiros, a qual permite à Maló Clinic contar com uma sólida estrutura financeira. Este acordo traduz o forte desempenho operacional e financeiro da operação em Portugal, que apresenta um histórico de resultados positivos e potencial de crescimento”, indica a empresa, depois de o Jornal de Negócios ter já noticiado que teria de haver, na nova fase da vida da empresa, uma renegociação bancária.

Segundo os dados da Informa D&B, a Maló Clinic apresentava, em 2016 (o último ano disponibilizado), um passivo total de 69 milhões de euros (com financiamentos obtidos na ordem dos 48 milhões), comparável a um ativo de 31 milhões, mostrando uma situação patrimonial líquida negativa de 38 milhões. Naquele mesmo ano, o prejuízo tinha sido de 10,5 milhões, de acordo com a mesma fonte.

Não é referido pela empresa qual o montante de dívida a cortar na negociação com os bancos. Um dos credores é o Banco Nacional Ultramarino, da Caixa Geral de Depósitos, que ajudou à expansão do grupo em Macau, e cujo crédito acabou reclamado em tribunal pela instituição, como o Expresso noticiou. Na lista de bancos credores, segundo o Citius, encontra-se ainda o Novo Banco e o BNP Paribas.

O PER servirá para conseguir negociar com os credores a sua recuperação, estabelecendo conversações com todos eles ao mesmo tempo. É um instrumento a usar por uma empresa que, como diz o Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE), estejam “em situação económica difícil ou em situação de insolvência meramente iminente, mas que ainda seja suscetível de recuperação”.

Neste plano, além da redução de dívida, dar-se-á também o fecho de clínicas. Apesar de referir que os problemas se prendem com a operação internacional – onde está presente em 25 países –, haverá encerramento de clínicas em Portugal. Sintra, Guimarães e Loulé passam a ser servidas por Lisboa, Porto e Faro ou Portimão, respetivamente.

Apesar da mudança, Paulo Maló continua na atividade clínica, ainda que deixando de ser acionista.

O Jornal de Negócios tinha já noticiado que todo este processo explica o investimento de 4 milhões de euros por parte do novo acionista, a Atena, que também está no capital da editora Leya.

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