Economia

CGD convidou 132 investidores. Três apresentaram propostas para comprar a unidade no Brasil

CGD convidou 132 investidores. Três apresentaram propostas para comprar a unidade no Brasil
RODRIGO ANTUNES/Lusa

Banco Luso Brasileiro, como noticiado pelo Expresso, é um dos três candidatos à aquisição do Banco Caixa Geral – Brasil. Governo escolheu também Artesia Gestão de Recursos e Banco ABC Brasil para apresentarem propostas. Os três devem apresentar agora propostas vinculativas. Embora já tenham compradores escolhidos, estão ainda por concluir as alienações em Espanha e África do Sul

CGD convidou 132 investidores. Três apresentaram propostas para comprar a unidade no Brasil

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Caixa Geral de Depósitos convidou 132 potenciais interessados para olharem para a aquisição da unidade que tem no Brasil. Chegaram três propostas não vinculativas à mesa da administração do banco público e ao Ministério das Finanças. Esses três interessados foram agora convidados a apresentar propostas vinculativas por parte ou pela totalidade do Banco Caixa Geral – Brasil.

O Banco Luso Brasileiro, em que o português Grupo Amorim é um dos principais acionistas, é um dos três nomes na corrida, como o Expresso tinha já noticiado. O jornal Eco tinha depois avançado que o Banco ABC Brasil, do grupo Arab Banking Corporation, e a gestora de fundos Artesia Gestão de Recursos estavam na lista de candidatos. Os três nomes foram confirmados esta quarta-feira, 4 de setembro, com a publicação da Resolução do Conselho de Ministros n.º 146/2019.

O diploma seleciona e admite a participação no processo de venda direta do Banco Caixa Geral – Brasil dos três candidatos, que apresentaram intenções de compra “da totalidade ou parte” da instituição.

As ofertas saíram de “entre um conjunto de 132 potenciais investidores que o Estado, através da CGD, convidou para procederem à apresentação de intenções de aquisição indicativas da participação" do Banco Caixa Geral – Brasil, que tem clientes com ligações à investigação judicial Lava Jato, como noticiou o Jornal de Negócios.

Para esta escolha determinada no Conselho de Ministros de 22 de agosto, “foram ouvidos o Ministro das Finanças e a CGD, nomeadamente quanto ao cumprimento dos objetivos da alienação consubstanciados nos critérios de seleção das intenções de aquisição indicativas, incluindo a ausência ou minimização de condicionantes à concretização da operação de venda constantes das intenções de aquisição indicativas apresentadas”.

Auditoria apertada antes de oferta vinculativa

Como já definido pelo Governo, que tem a palavra final nos processos de venda de participações da CGD, o preço, a ausência de condicionantes, o projeto estratégico e a idoneidade são critérios para a escolha do comprador.

Agora, iniciar-se-á a fase de auditoria (due dilligence), “que culminará com a apresentação de propostas vinculativas pelos interessados selecionadas/admitidas, ao que se seguirá uma apreciação e recomendação sobre a decisão definitiva de a quem vender”, como já explicou a Caixa. O banco presidido por Paulo Macedo acredita que pode haver “tensão competitiva” com as atuais propostas em cima da mesa.

Tendo em conta o regime de alienação das participações do banco público, é do Governo que sai a decisão final sobre o escolhido, ainda que a administração da CGD faça também uma proposta. “A expetativa é que a venda possa estar decidida até ao final do ano, sujeita a autorizações regulatórias”, indica o banco.

Espanha e África do Sul com menos convidados e mais interessados

A tensão política e económica no Brasil atrasou o processo de venda da participação da CGD, que se tinha iniciado ao mesmo tempo que em Espanha e na África do Sul. Só que os compradores destas entidades – Abanca e Capitec – já estão escolhidos desde o final do ano passado e até se sabe que as transações trarão mais-valias de 200 milhões ao banco em Portugal. O que ainda poderá melhorar as contas deste ano. No primeiro semestre, os lucros foram de 283 milhões de euros.

Na venda do Mercantile, a Caixa tinha convidado 99 potenciais investidores, sendo que chegou a haver 18 intenções de compra – foram depois convidados quatro a apresentar propostas vinculativas, vencendo o Capitec.

No processo de alienação do espanhol Banco Caixa Geral, houve 68 potenciais investidores convidados pelo Estado, de onde saíram seis propostas efetivas – e três convidados finais.

A alienação de participações internacionais, com a redução do volume de ativos e das unidades dispersas, é uma obrigação do plano estratégico negociado em 2017 entre o Estado e a Comissão Europeia, que permitiu a capitalização da CGD em 3,9 mil milhões de euros estatais. Neste momento, está também em curso a alienação da participação maioritária no cabo-verdiano Banco Comercial do Atlântico – o banco que será vendido para permitir que a sucursal francesa seja mantida.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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