Foi preciso esperar por Jim Jarmusch para encontrar um filme que valesse o entusiasmo de quem está a ver muitas horas de cinema por dia sem que a alma levante voo. Não se pode dizer, todavia, que o Festival de Veneza 2005 esteja com uma seleção de segunda ordem, nada disso, o problema é mesmo o de uma certa decadência do cinema a estabelecer-se numa mediania bem feita, mas que não vibra. Como acontece com o muito esperado novo filme de Kathryn Bigelow, “A House of Dynamite”, onde um míssil nuclear de origem desconhecida a caminho de Chicago desencadeia a esperada crise nos corredores do poder supremo militar e político dos Estado Unidos. O único ponto curioso da obra é que a crise é contada em momentos sucessivos, rebobinando o tempo para três lugares distintos do poder americano. A mensagem é muito simples: alertar as consciências para a loucura de uma possível guerra nuclear, gesto com décadas de useiro e vezeiro. Nada de novo, até porque a insanidade política destes dias está, de todo, ausente do filme. No vértice da Casa Branca põe um presidente negro, assaz sensato e, em Moscovo, a batuta é similar…
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