Entrevista a Gueorgui Gospodinov, vencedor do International Booker Prize: “Há uma espécie de Alzheimer coletivo e social”

Gueorgui Gospodinov leu um dia uma pequena notícia sobre uma clínica psiquiátrica, em Viena, onde os médicos criaram quartos com a decoração e os objetos típicos de determinadas décadas do século XX, contribuindo assim para o bem-estar e a melhoria de doentes com perturbações da memória, que se viam transportados para as épocas em que tinham sido mais felizes, ou que simplesmente ainda conseguiam recordar. “E se este conceito fosse ampliado? E se em vez de um quarto numa clínica, falássemos de um bairro, de uma cidade, de um país inteiro cujos habitantes decidissem voltar para trás no tempo? Achei que a ideia tinha potencial narrativo. No entanto, assim que a registei num dos meus muitos cadernos de notas, entre outras ideias soltas, esqueci-a.”

No jardim de um hotel da Lapa, com vista para o Tejo coberto de nevoeiro, Gospodinov, que veio a Lisboa em novembro para fazer parte do júri do festival de cinema LEFFEST, explicou ao Expresso como essa semente narrativa, condensada em poucas linhas, se transformou no seu terceiro romance. Ou seja, “Refúgio no Tempo”, a obra que o projetou definitivamente como o mais reconhecido autor búlgaro contemporâneo, ao vencer o International Booker Prize de 2023 — atribuído à tradução para língua inglesa de Angela Rodel, que lhe abriu portas em dezenas de países, nomeadamente Portugal.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.