Cultura

Câmara do Porto aponta escola Pires de Lima como solução para músicos do Stop (no fim do ano)

Câmara do Porto aponta escola Pires de Lima como solução para músicos do Stop (no fim do ano)

O presidente da Câmara do Porto indicou esta quarta-feira como solução para os músicos desalojados do centro comercial Stop a escola Pires de Lima, garantindo que as instalações estariam prontas a receber os artistas no final do ano

O presidente da Câmara do Porto indicou hoje como solução para os músicos desalojados do centro comercial Stop a escola Pires de Lima, garantindo que as instalações estariam prontas a receber os artistas no final do ano.

Em conferência de imprensa, depois de estar esta manhã reunido com a associação que representa os artistas, Rui Moreira salientou que a vantagem daquela escola, que será desativada no início do próximo ano letivo, passando os alunos para a Escola Alexandre Herculano, é que aquela é da autarquia, pelo que seria o município a suportar as despesas de adaptação do espaço.

"Hoje tivemos mais uma reunião com a associação [que representa os músicos que ocupavam o Stop] esta manhã, voltamos a falar na questão do Silo Alto, avançamos também com uma outra solução que nos parece possível. Nós vamos ter a escola Pires de Lima, que é mesmo junto ao Stop, vai ficar livre antes do fim do ano porque os alunos vão ser transferidos para o Alexandre Herculano, é uma escola que tem uma data de salas de aulas disponíveis", apontou Rui Moreira.

Segundo o autarca independente, esta é uma solução que agradou aos músicos.

"Ficaram muito satisfeitos com a solução Pires de Lima, que tem uma vantagem, é a 200 metros do Stop. É uma solução mais próxima. Tudo o que é desenraizar um ecossistema tem sempre consequências. A proximidade da escola Pires de Lima acho que lhes interessou muito", disse Rui Moreira.

A EB 2,3 Doutor Augusto César Pires Lima passou para a alçada da autarquia com a descentralização de competências e vai ficar desocupada, em setembro, com a passagem dos alunos para a escola Alexandre Herculano.

"Transformar antigas salas de aulas em salas para músicos é uma coisa relativamente fácil. [Os músicos] podem conviver com o Norte Vida, temos salas disponíveis, é um espaço enorme que tem seis unidades completamente autónomas. Parece-nos uma ideia ótima para a cidade", considerou o autarca.

Rui Moreira garantiu ainda que os custos de adaptação do espaço vão ser por conta da autarquia, obra essa que a câmara não podia fazer no Stop por este espaço não ser propriedade do município.

Sobre a contestação à volta do processo de despejo das mais de 100 lojas que funcionavam sem licença, que começou na terça-feira, o autarca independente disse compreender a reação dos músicos afetados, mas acusou a CDU e o Bloco de Esquerda (BE) de aproveitamento político da questão.

"Compreendo a reação dos músicos e dos populismos do BE (...) Não pode haver hipocrisia e tentativa de apropriamento de causa", disse.

Na terça-feira, depois do início do processo de encerramento da maioria das lojas no Stop, o vereador do BE, Sérgio Aires, acusou a autarquia de não dialogar com os representantes dos músicos e de não apresentar alternativas ou soluções.

"Não é possível que na nossa cidade uma coisa destas aconteça desta forma. O que está aqui em causa é o que vai acontecer a estas pessoas amanhã. Para onde vão? Para onde vão ensaiar? Alguns deles têm espetáculos marcados hoje, amanhã e depois. O que vai acontecer? Porque é que se fez isto assim? Que necessidade havia de fazer isto assim?", questionou o bloquista.

Já a CDU condenou de forma veemente a decisão do executivo liderado pelo independente Rui Moreira.

"O executivo de Rui Moreira decidiu, nas costas de todos, bloquear o acesso a centenas de pessoas, na maioria músicos, artistas e comerciantes ao seu local de trabalho, procurando assim promover a sua expulsão do local", afirmou a coligação PCP/PEV em comunicado.

Na terça-feira, em comunicado, a Câmara do Porto avançou que estavam a ser seladas 105 das 126 lojas do estabelecimento comercial, numa operação que começou de manhã e obrigou à saída de lojistas e músicos.

Ainda antes do fecho dos espaços estar concluído, foi improvisado um protesto com cartazes em que se podiam ler as mensagens "A Casa da Música é aqui", "Queremos justiça", "Estão a matar a cultura", "Queremos trabalhar", "É o nosso ganha pão" e "Processo de má-fé".

À Lusa, a Associação de Músicos do Stop alertou na terça-feira que quase 500 artistas ficavam sem "ter para onde ir".

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