José Eugénio Soares, 64 anos e cidadão que dispensa apelido - é simplesmente o «Jô» - está no apogeu da sua forma. Há décadas nos palcos, escrevendo, encenando, representando, é um dos homens mais populares, admirados e prestigiados do Brasil - e a sua fama e talento já ultrapassaram até as vastas fronteiras brasileiras. Por isso, a conversa, embora demasiado breve, foi por aí que circulou - pela arte e pelo génio - e por ele - a vida, a escrita, o trompete. Entre palavras ficou um cidadão exemplar, um dos mais multifacetados artistas do nosso tempo, e, claro, um humorista de antologia.
Começo pelo óbvio: como é que você respira, como é que vive, como é que acorda todos os dias, cumprindo o ritmo alucinante deste seu programa? Sobretudo quando sabemos que cada um deles o coloca na pele do «ouvidor» de naturezas humanas tão diversas como aquelas a que acabo de assistir... E quando, também, sabemos que faz mil outras coisas mais?
Talvez eu seja acima de tudo um grande curioso da condição humana, da alma das pessoas. Eu sinto um profundo amor pelo ser humano. Tenho esse amor que vem logo à cabeça, mas por vezes há também algo parecido com a compaixão... Depende dos casos que estão diante de mim. E por cima de tudo isso uma grande, infinita, curiosidade, porque sou alguém muito curioso. E na hora de fazer um programa desses, isso facilita muito as coisas.
Aliás, há muitos anos que você tinha o sonho de fazer um programa de entrevistas. O sonho assentava justamente nesse amor pela natureza humana e nessa grande curiosidade que o predispunham para ser o excepcional «ouvidor» que é?
Claro, isso. É que, olha, eu sentia, melhor, eu adivinhava que podia fazer isso. A primeira vez que vi um programa desses era com o Silveira Sampaio, depois cheguei até a poder trabalhar com ele. Mas na altura eu pensei: «Meu Deus é o tipo de programa que eu posso fazer!» Isso ocorreu numa época em que eu era ainda muito menino... mas depois fui olhando todos esses programas americanos, fantásticos...
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