Exclusivo

Cultura

A importância do “Borda D’Água” e a história dos outros almanaques

Trazia-nos à terra e à matéria e levava-nos a perspectivar o ano que aí vinha e a planear

Guta Moura Guedes

Estar de férias tem disto. Compram-se, muitas vezes por impulso e em sítios menos prováveis, coisas que em tempos e locais diferentes não adquirimos. Há já muitos anos que não comprava o “Borda D’Água” e agora, ao folheá-lo neste final de Agosto, recordo o impacto que tinha em mim quando era pequena. Vivendo em região agrícola, era quase um ritual anual a compra e leitura deste almanaque — o verdadeiro!, como lemos na capa. O manancial de informações, mas também de considerações e deduções, era precioso para muita gente, cobrindo uma variedade de utilizações e indicações imensa. E acabava por ter uma vantagem extra, trazia-nos à terra e à matéria e levava-nos a perspectivar o ano que aí vinha e a planear. Pelo menos era assim que nos últimos dias de Agosto, quando o comprávamos, encarávamos a leitura, em família, deste virtuoso objecto de comunicação, tão português.

Uma das áreas de grande importância do design é aquela que se centra na comunicação. E aí existem várias vertentes: o design gráfico, em que os designers se centram nas ferramentas técnicas existentes que lhes permitem transformar as ideias que têm em objectos visuais; e outras, mais abrangentes, em que a componente editorial, da criação do texto, faz também parte, tal como a escolha das plataformas a usar e dos timings em que a comunicação acontece. O almanaque é uma peça de comunicação muito específica. Se por um lado o seu design gráfico pode ser muito variado, o seu design editorial tem algumas características obrigatórias. Por definição deve conter datas, calendários e informações e efemérides regulares. Ah, e informação astronómica às quais se juntam, às vezes, informações astrológicas.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate