Fixemo-nos nos belos losers que começam a perder a graça, nos pais desaparecidos que lhes deixaram um luto ainda bem vincado, naquele apetite por súbitas rajadas de violência física ou psicológica, herança do film noir, ou em segredos profundos, insondáveis — passamos filmes inteiros com eles — e que não se mostram à superfície: tudo isto já se anuncia no jogador profissional a que Philip Baker Hall deu corpo em “Hard Eight”, de 1996 (aka “Sydney”), primeira obra de Paul Thomas Anderson. Nesse tempo, o cinema ainda não o havia batizado com a sigla PTA que o distinguiu de tudo o resto que surgiu da América dos anos 90. Nem o havia aproximado, como tantas vezes aconteceu e nem sempre de forma certeira, da sensibilidade à flor da pele de Malick ou dos ímpetos vorazes de Kubrick.
Paul Thomas Anderson tem apenas 50 anos cumpridos em junho passado, vem da video store generation em que surgiu o não menos obsessivo, e sete anos mais velho, Quentin Tarantino, é um indefetível, tal como este último, do uso da película sempre que o cinema o chama (recorre ao 35 mm como se de uma religião se tratasse) e tem já um enorme corpo de trabalho, uma obra feita, digna de tal nome: oito longas-metragens únicas que o Leffest vai exibir se a pandemia deixar (de fora ficam os clipes e os pequenos trabalhos musicais, em especial aqueles, como “Anima”, em que PTA encontrou afinidades em Thom Yorke dos Radiohead).
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