Cultura

Aos 94 anos, David Attenborough não quer ver o planeta a morrer

10 outubro 2020 10:02

João Miguel Salvador

João Miguel Salvador

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Jornalista

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O homem que mostrou o mundo ao mundo reinventa-se aos 94 anos. “David Attenborough: Uma Vida no Nosso Planeta” é o olhar do naturalista sobre um planeta que se aproxima do abismo. Terá a solução para salvá-lo?

10 outubro 2020 10:02

João Miguel Salvador

João Miguel Salvador

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Jornalista

Não há como negar. David Attenborough será o humano que mais viu do mundo natural e dificilmente haverá alguém a igualá-lo em gerações futuras. Viveu no tempo certo, voou sem restrições para lugares inimagináveis e tornou-se na voz dos territórios mais recônditos do planeta. Não houve continente que lhe escapasse, visitou a maior parte dos países e regiões, testemunhou a vida selvagem como ninguém. Documentou-a e apresentou-a ao mundo desenvolvido, o mesmo mundo a que agora aponta o dedo — ele incluído, que não escapou a polémicas quando parecia negar as alterações climáticas ou muito recentemente, quando ofereceu ao príncipe George o fóssil de um dente de tubarão gigante já extinto, que habitou a Terra há 23 milhões de anos e que fora encontrado em Malta na década de 1960.

Na verdade, e voltando ao clima, quando foi acusado de não considerar as alterações reais, estava a ser alvo de uma campanha de fake news, até porque David Attenborough procurou (quase) sempre a verdade que não conhecia. A comparação de gráficos do aumento de CO2 no meio ambiente e do aumento da temperatura com o crescimento da população humana e a industrialização não lhe deixaram dúvidas. E depois houve uma palestra definitiva — honra seja feita ao cientista norte-americano Ralph Cicerone, em 2004 — que o convenceu de que o aquecimento global era mesmo para levar a sério. Conhecido também pela sua teimosia, sabia agora o quão importante era levar a Humanidade a agir.

Os seus últimos 15 anos de trabalho mostram como a batalha contra as alterações climáticas se tornou a sua maior preocupação, ao ponto de com a sua influência ter levado as autoridades britânicas a mudar a política de reciclagem de plásticos depois de o episódio final de “Planeta Azul II” ter sido exibido. Não parou. Com nove décadas de experiências, reflete sobre “os momentos definidores da sua vida enquanto naturalista e as mudanças devastadoras que viu”. Não são poucas.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.