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Sala de visitas de Coimbra, Café Santa Cruz celebra 100 anos

Sala de visitas de Coimbra, Café Santa Cruz celebra 100 anos

Foi armazém de ferragens, esquadra de polícia, armazém de canalizações, estação de bombeiros e até uma casa funerária. A inauguração do Café Santa Cruz, em Coimbra, aconteceu a 8 de maio de 1923

Com um século de portas abertas, o Café Santa Cruz, no coração de Coimbra, continua a ser um verdadeiro espaço de cultura, de história e a mais emblemática sala de visitas da cidade dos estudantes. Foi no início da década de 1920 que o imóvel foi adaptado às funções de café-restaurante, por iniciativa dos empresários Adriano Ferreira da Cunha, Adriano Viegas da Cunha Lucas e Mário Pais, mesmo ao lado do Mosteiro de Santa Cruz, onde repousam os restos mortais de D. Afonso Henriques e do seu filho e sucessor, D. Sancho I, e onde estudaram Fernando Martins de Bulhões, o futuro Santo António de Lisboa e o poeta Luís de Camões.

Café Santa Cruz

O Café Santa Cruz, após ter sido armazém de ferragens, esquadra de polícia, armazém de canalizações, estação de bombeiros e casa funerária, recebe uma nova fachada em estilo neo-manuelino, da autoria do arquiteto Jaime Inácio dos Santos e é inaugurado a 8 de maio de 1923. Em 2002 tem lugar uma renovação do espaço, com projeto dos arquitetos Luísa Marques e Miguel Pedreiro, com a intenção de clarificar e potenciar a utilização deste espaço, de qualidades arquitetónicas invulgares, como polo cultural privilegiado da cidade de Coimbra.

Café Santa Cruz

Para a história fica tamnbém como café dos futricas, onde os dirigentes do União de Coimbra se reuniam, em contraposição com o Arcádia, ligado aos adeptos da Académica. Aliás, os estudantes chegaram a ser proibidos de entrar de capa e batina no Santa Cruz, espaço de tertúlias, de reunião de antifascistas durante o Estado Novo, de jantares reservados numa das suas salas escondidas, e mais recentemente aberto a eventos culturais, como apresentações de livros ou concertos de fado de Coimbra, sendo também ponto de passagem quase obrigatório dos turistas que visitam a Baixa.

Café Santa Cruz

A propósito do centenário, Inácio Nogueira, cliente e autor do livro “Santa Cruz: Um Café com História”, recorda “a diversidade dos clientes que foram passando por aquele espaço, que foi também, em tempos, um restaurante de elite com ementas “fantásticas”. Diz ainda ser “um lugar irrepetível”. O café abriu a 8 de maio de 1923, data escolhida pela morada, na Praça 8 de Maio, num projeto impulsionado por Adriano Ferreira da Cunha, Adriano Viegas Lucas e Mário Pais. Em 1975, a cozinha é encerrada e o espaço foca-se no serviço de cafetaria, e em 2001 são realizadas profundas obras de conservação do edifício classificado como Monumento Nacional dois anos antes de abrir como café, em 1921.

Café Santa Cruz

O programa das comemorações do centenário do Café Santa Cruz inclui o lançamento de um selo postal dos CTT alusivo ao Santa Cruz, uma exposição de pinturas do café e da envolvente por oito artistas, e a apresentação de um projeto que pretende manter viva a tradição das tertúlias naquele espaço. Um dos gerentes, Vítor Marques, afirma que, apesar de os clientes terem mudado, “muito ao longo dos últimos anos”, o espaço continua a “querer ser um ponto de encontro para os conimbricenses”.

Café Santa Cruz

As celebrações dos 100 anos do café Santa Cruz (Praça 8 de Maio, Coimbra. Tel. 239833617) terminam com um espetáculo de Fado de Coimbra, ao final da tarde, que presta homenagem aos músicos que colaboraram nas 3 edições do CD de Fado de Coimbra que o café editou. Pode consultar o programa aqui. Aproveite para ver o Banco do Expresso, oferecido pelo jornal à cidade, a menos de 50 metros do Café Santa Cruz.

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