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Nadya Tolokonnikova (Pussy Riot): “Espero que Putin morra em breve”

Nadya Tolokonnikova / foto: Getty Images
Nadya Tolokonnikova / foto: Getty Images

Há dez anos, as Pussy Riot organizaram um concerto-protesto numa catedral de Moscovo. Três delas, incluindo Nadya Tolokonnikova, acabaram presas. A cantora volta agora a falar sobre o presidente do seu país, Vladimir Putin, e não tem papas na língua: “É óbvio que ele é um perigoso ditador e tem que ser travado”

Nadya Tolokonnikova, membro das Pussy Riot, grupo ativista que há dez anos organizou um concerto-protesto contra o Presidente russo Vladimir Putin, deu uma entrevista à Rolling Stone, a propósito de um concerto que deu em Nova Iorque no passado fim de semana. A conversa acabou, naturalmente, por centrar-se na invasão da Ucrânia pela Rússia. Recorde-se que, na sequência da atuação-protesto numa catedral de Moscovo, em 2012, três membros das Pussy Riot, incluindo Nadya Tolokonnikova, foram condenadas por vandalismo motivado por ódio religioso e cumpriram dois anos de prisão.

Em palco em Nova Iorque, a cantora não mediu as palavras, dizendo ao público: “Odeio a guerra. Amo a paz. Apoio a Ucrânia. Que se lixe o Putin. Espero que morra em breve.”

Na entrevista à “Rolling Stone”, Nadya Tolokonnikova fala sobre a angariação de fundos que organizou para ajudar os cidadãos ucranianos, e que recolheu mais de 2 milhões e 600 mil euros no espaço de 24 horas, e garantiu não ter medo de eventuais consequências.

“No começo do concerto disse que espero que o Putin morra. Não planeei dizer isso, mas saiu-me… Recentemente vieram falar-me sobre a minha segurança. E eu disse: ‘Não vou fazer nada para manter-me a salvo.'”

Nadya Tolokonnikova afirmou também que os ucranianos com quem tem falado “compreendem que nem todos os russos apoiam o Putin. Para mim, isso é muito importante, porque muitos russos têm saído à rua para recuperar a sua liberdade e as suas vidas. Penso que o mais fascinante nos ucranianos é que nunca vão desistir.”

Nadia Tolokonnikova das Pussy Riot / foto: Getty Images

A cantora lembra ainda que participar em manifestações na Rússia é “extremamente perigoso. Nos últimos quatro dias, milhares de pessoas foram presas e estão a ser espancadas enquanto nós estamos aqui. Nos Estados Unidos, é completamente diferente. Aqui, as pessoas podem protestar e até podem ser detidas, mas provavelmente serão libertadas um ou dois dias depois. No meu país, podemos facilmente ir parar à prisão e ficar lá cinco anos por participar num protesto ou até por fazer um tweet. Tenho duas queixas contra mim por causa de posts que fiz nas redes sociais. Nem precisas de participar em manifestações; abres a boca no YouTube, Twitter ou Instagram [e pronto]. Eles seguem as nossas stories no Instagram.”

Quanto à gravidade do conflito que decorre neste momento na Ucrânia, a ativista russa garante que “não é brincadeira nenhuma”, rematando: “É óbvio que Putin é um perigoso ditador que tem de ser travado.”



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