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Blitz

“A vida é o que acontece antes dos 40. Imagina que amanhã descubro que tenho um tumor e é o fim: não fico feliz, mas tive uma vida colorida”

Lias Saoudi, de Fat White Family
Lias Saoudi, de Fat White Family
Getty Images

Quem fala assim é o articulado e visceral Lias Saoudi, o filho de argelinos que é ‘frontman’ dos ingleses Fat White Family e que a BLITZ entrevistou em Lisboa. Por um lado, é um homem culto, lê livros de filosofia e política, gosta de pintores expressionistas, dá-se com a fina flor de Hollywood. Por outro, é o vocalista de uma banda dada a várias adições, que por várias vezes surgiu nu em palco, que se apresenta como o inimigo número um dos compatriotas Idles. Pós-punk numa mão, guerra de classes na outra: está feita uma das grandes bandas rock da última década

Acabamos a tarde a beber café com Lias Saoudi, na Praça José Fontana, em Lisboa, a alguns metros do hotel onde o vocalista dos Fat White Family recebeu a imprensa portuguesa num dia de sol primaveril. Ao balcão, um jovem tatuado estranha-lhe o rosto, pergunta: mas é mesmo ele? Sim, é mesmo ele, respondem-lhe, com o jovem em questão a assumir-se fã do grupo britânico. Os Fat White Family podem não ser conhecidos do grande público, mas são-no por quem ainda faz do rock um modo de vida - e quanto mais alternativo, melhor. Quanto mais sujo, também.

A banda, que lançou em 2024 um novo álbum, “Forgiveness Is Yours”, tem tido uma carreira sempre no fio da navalha. Não só pela música, que recupera a experiência pós-punk da década de oitenta, como pelas várias peripécias envolvendo os seus membros, sobretudo com substâncias psicotrópicas à mistura. Em tom sarcástico, um sarcasmo que esconde sempre uma ponta de verdade, Adelle Stripe - que, juntamente com Lias, contou a história (em modo realismo mágico) do grupo em “Ten Thousand Apologies”, livro de 2022 - referiu-se aos Fat White Family como “uma banda drogada com um problema de rock”, que é bem capaz de figurar no panteão das melhores descrições de sempre de um projeto musical. Todos os membros do grupo já tiveram a sua quota parte de problemas com o vício.

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