Dylan é enorme. Gigante, mesmo. E para perceber como cabe tamanho colosso num espaço como aquele em que ontem se apresentou – ou qualquer outro, na verdade – é preciso descartar as leis da física e, talvez, recorrer à metafísica. Porque Dylan, como cantou em tempos Caetano Veloso, mora na filosofia e aí não há metros quadrados ou cúbicos, não há assoalhadas, nem fronteiras ou continentes. Apenas ideias. Talvez sonhos. E tantas palavras quanto as que são necessárias para cantar a vida do mundo. Sim, o Campo Pequeno – como o Coliseu do Porto, dois dias antes, e todos os outros recintos do planeta – não tem espaço que chegue para a imensidão daquele homem. E, no entanto, ele lá esteve ontem, com 82 anos na cabeça, tronco e membros e uma eternidade na voz. Como se nada fosse. Ou como se tudo fosse como sempre foi, ainda que a “Rough and Rowdy Ways Tour” que agora o traz de regresso a Portugal se apresente ao mundo com o mote “Things aren’t what they were...”. Claro que não, o tempo – o dos relógios e o dos calendários – não se compadece com a permanência. Mas Dylan, já o dissemos, mora na filosofia. Como todos os gigantes que só cabem na História.
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