Como Kanye West intimidava e rebaixava os seus funcionários e colaboradores: a carta que a revista “Rolling Stone” recebeu
Kanye West
Getty Images
Numa carta enviada à “Rolling Stone”, várias pessoas que trabalharam com Kanye West explicam como o rapper criava um ambiente de trabalho “tóxico e caótico”, apontando também o dedo à Adidas, com quem o rapper manteve uma parceria até há pouco tempo. “Eles só diziam: ‘o Kanye é o Kanye’”, denunciam os colaboradores. E relatam situações que atribuem a um “padrão doentio”
Várias pessoas que trabalharam com Kanye West partilharam, esta semana, uma carta com a revista “Rolling Stone”, na qual garantem que o músico criava um clima de intimidação nas suas relações profissionais, quer com a sua equipa, quer com a Adidas, marca de calçado desportivo com a qual manteve uma parceria até recentemente.
A “Rolling Stone” ouviu, entretanto, várias pessoas que dizem ter sido vítimas das táticas de intimidação de Kanye West, ou que assistiram a episódios em que o músico rebaixou os seus colaboradores. Quando os mesmos eram mulheres, os comentários agressivos eram geralmente de natureza sexual. Aos homens, o norte-americano tinha por hábito mostrar pornografia, por vezes protagonizada por si mesmo. O rapper terá também partilhado com as pessoas com quem trabalhava imagens explícitas de Kim Kardashian, sua ex-mulher e mãe dos seus quatro filhos.
Os signatários da carta garantem que, por muito que gostassem de dizer que Kanye West era o único culpado por este ambiente de trabalho, os responsáveis máximos da Adidas tinham conhecimento do comportamento do artista - e aconselhavam os seus funcionários a desvalorizar o mesmo, com o argumento de que “o Kanye é o Kanye”. Os autores da carta acreditam, assim, que as altas patentes da Adidas são cúmplices da criação de um ambiente “tóxico e caótico” e de um “padrão doentio de comportamento predatório em relação às mulheres”.
Certa vez, Kanye West terá recebido um colaborador do departamento criativo em sua casa, mostrando-lhe um filme pornográfico. “Na altura, achei estranho mas pensei que tinha a ver com a sua persona artística”, disse este ex-colaborador à “Rolling Stone”, sob anonimato. “Agora, percebo que era uma maneira de quebrar as pessoas, testando e destruindo os seus limites.” O mesmo artigo relata que, noutra ocasião, Kanye West obrigou uma jovem designer negra a sentar-se no chão, após uma reunião na qual se havia desentendido com ela. “Não mereces estar sentada à mesa”, ter-lhe-á dito.
Nem a Adidas nem Kanye West - que em tempos admitiu que o vício em pornografia destruíra a sua família - quiseram comentar as acusações. A parceria milionária entre o artista e a marca terminou este ano, quando a Adidas se quis demarcar dos comentários racistas feitos pelo rapper.
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