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David Fonseca apresenta disco-filme ao vivo em Lisboa e no Porto. “Estas canções cresceram, já não são adolescentes”

David Fonseca apresenta disco-filme ao vivo em Lisboa e no Porto. “Estas canções cresceram, já não são adolescentes”

Na próxima semana, David Fonseca apresenta o primeiro concerto especial à volta de “Living Room Bohemian Apocalypse”, o disco-filme lançado este ano. Os desafios de transpor um conceito cinematográfico para palco, a colaboração com Jorge Palma e o “side kick” com Joana Marques em “Extremamente Desagradável” foram temas de uma conversa com o músico que não quer voltar ao registo acústico

David Fonseca apresenta disco-filme ao vivo em Lisboa e no Porto. “Estas canções cresceram, já não são adolescentes”

Lia Pereira

Jornalista

Nos próximos dias 4 e 12 de outubro, em Lisboa e no Porto, respetivamente, David Fonseca apresenta ao vivo o disco-filme que lançou este ano, “Living Room Bohemian Apocalypse”. À BLITZ, falou sobre a preparação destes espetáculos, que terão no lugar no Teatro Tivoli, na capital, e no Teatro Sá da Bandeira, na Invicta.

Respeitando a natureza visual do disco-filme, que apresentou em pormenor aquando da sua passagem pelo podcast Posto Emissor, David Fonseca irá tentar transportar o conceito cinematográfico para palco. “Os preparativos estão a decorrer com muita azáfama, porque a adaptação deste disco-filme não é fácil e eu gosto que as coisas façam sentido e que haja uma ligação entre elas”, diz. “Mesmo não podendo fazer um filme em palco, tento fazer um cruzamento entre os dois universos, mas tendo cuidado para que não deixe de ser um espetáculo de música ao vivo. Estamos a ensaiar há bastante tempo e vamos continuar praticamente até ao dia dos espetáculos”.

No Tivoli e no Teatro Sá da Bandeira, David Fonseca apresentar-se-á com uma pequena banda: Paulo Pereira nos teclados e Sérgio Nascimento na bateria. É possível que haja convidados e, além das canções de “Living Room Bohemian Apocalypse”, serão tocados temas de outros discos.

No verão, David Fonseca deu vários concertos, nos quais foi ‘testando’ as novas canções, com resultados positivos. “Este disco é algo ‘bicudo’ e estranho. E foi surpreendente ver como as canções cresceram em palco”, confessa. “Porque este foi um disco feito em casa, durante a pandemia, sem diálogo entre músicos, apesar de depois ter havido colaborações. E as canções cresceram: já não são aquelas adolescentes, são adultas e andam por si. Essa é uma boa sensação e um grande gosto”.

Entre as canções de Living Room Bohemian Apocalypse” cujo crescimento mais o espantou, David Fonseca destaca ‘Chasing The Light’, que “é muito complexa de se pôr em palco, mas se traduz muito bem ao vivo”; ‘Love Me or Leave Me’, que considera a “maior surpresa”, e ‘Falling Out of Love’: “Tem tido uma reação muito boa do público, apesar de ser uma canção nova e uma balada.”

Recentemente, David Fonseca atuou também no espetáculo no Coliseu de Lisboa de “Extremamente Desagradável”, a transposição para palco do programa de rádio do mesmo nome. “O ‘Extremamente Desagradável’ é o meu side kick”, diz, entre risos. “Toco o jingle de abertura e outras brincadeiras e é um gosto enorme participar naquela sátira do mundo moderno”, garante, lembrando que, em palco, “ninguém escapa ao humor da Joana. ‘Derretemo-nos’ todos uns aos outros. Divirto-me tremendamente a fazer isso, pelo que aceitei o convite com muito prazer”.

Para David Fonseca, a forma como Joana Marques “desmonta uma realidade aparentemente pomposa em algo engraçado” prova que “nos podemos rir uns dos outros, em vez de nos levarmos demasiado a sério. Diverte-me essa ideia de desmontar a realidade e de não nos levarmos demasiado a sério, na vida em geral”, confessa, acreditando existir, nesse intento, um paralelismo entre música e humor. “Ambas observam e desmontam a realidade, ainda que tenham táticas diferentes. No fundo, aceitei um convite para ser desmontado ao vivo”, ri.

Há algumas semanas, David Fonseca partilhou ainda uma colaboração com Jorge Palma, no âmbito do projeto “Conta-me Uma Canção”. A parceria, gravada há mais de um ano, foi “uma honra enorme”, diz, partilhando a grande admiração que sente por “um dos maiores músicos de sempre de Portugal. A voz de Jorge Palma é como se carregasse o tempo dele”, afirma. “Não se gasta, antes acumula todo o saber, todo o seu lado artístico e a poesia da sua obra. Também senti isso com o Johnny Cash, cuja voz foi adquirindo, com o tempo, novos significados e peso”.

Neste encontro, Jorge Palma fez uma versão de David Fonseca, para ‘Someone Who Cannot Love’, e David Fonseca retribuiu com uma versão de ‘Frágil’, tocada com uma guitarra acústica. Porém, voltar a esse registo não o atrai. “No fundo, eu comecei com as canções já despidas - aquilo que se costuma fazer em meados da carreira. Quando os Silence 4 participaram no Termómetro Unplugged, lembro-me de ler o regulamento, que dizia que não se podia usar instrumentos elétricos, e de dizer [aos outros músicos]: ‘Nós já somos esta banda!’ Fomos os únicos que não tivemos de nos adaptar”, lembra, referindo-se ao concurso que o quarteto acabaria por vencer, nesse ano de 1995.

“Fiz um percurso ao contrário”, resume. “Só mais tarde é que comecei a explorar a complexidade dos instrumentos e dos arranjos. Já me sugeriram várias vezes que fizesse um unplugged, mas não tenho interesse em voltar atrás, apesar de até gostar do formato. Quero explorar outras coisas.”

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David Fonseca atua no Teatro Tivoli, em Lisboa, a 4 de outubro, e no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, a 12 do mesmo mês.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: LIPereira@blitz.impresa.pt

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