E ao segundo dia de festival, eis algo completamente diferente. Rina Sawayama, artista de origem japonesa radicada em Inglaterra, trouxe ao NOS Primavera Sound um espetáculo bem distinto dos que têm ocupado a maior parte dos palcos. Acompanhada por uma banda e por duas bailarinas, a jovem foi recebida, no palco Cupra, por um público numeroso e particularmente entusiasta; nas primeiras filas era evidente, pela efervescência dos espectadores, que havia muita gente no recinto para ver especificamente Miss Sawayama, cantora, compositora e modelo que em setembro lançará o segundo álbum, "Hold the Girl".
Se o aparato é pop, a música vai a todo o lado, da pop dos anos 80 ao R&B da década que se lhe seguiu, passando pelos expansivos solos de guitarra elétrica e por uma eletrónica algo claustrofóbica, a fazer lembrar o mundo de Arca.
Entre mensagens de apelo à autoestima e à apreciação do próximo, ou não tivesse a artista posto a plateia a gritar "you're fucking hot!" aos seus 'vizinhos', Rina Sawayama mostrou-se sempre simpática e comunicativa, tendo desde logo o público na mão. Em 'Love Me 4 Me' ou 'Bad Friend', ambas do seu primeiro álbum, "Sawayama", o seu séquito de admiradores fez-se ouvir em coros ruidosos e acertados, num verdadeiro delírio ao pôr-do-sol.
Lá à frente, as bandeiras do arco-íris agitavam-se com orgulho, mesmo antes de Rina Sawayama lembrar que o apoio à comunidade LGBTQ (à qual pertence) tem de ser contínuo, e não dar à costa apenas durante junho, o mês em que se celebra o espírito "Pride". Cá atrás, o público menos conhecedor mostrava-se intrigado com um concerto onde couberam ainda 'Cherry', que Sawayama escreveu sobre a sua orientação sexual; a mais conhecida 'XS', a nova 'This Hell' ou, mesmo a fechar, uma versão de Lady Gaga, 'Free Woman'.
Foi um concerto de música feliz, protagonizado por uma artista muito segura e visivelmente emocionada pelo carinho comovente com que o público a recebeu. Saindo do palco sob uma ovação ensurdecedora, depois de apanhar uma bandeira de Portugal, não nos espantará que num futuro próximo, a voltemos a ver numa qualquer arena perto de si.
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