Nenhum primeiro-ministro gostaria de chegar ao poder na situação em que Passos Coelho o fez em 2011, com as finanças públicas à beira da bancarrota e o país à espera da intervenção de uma troika (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu). Ao longo de quatro anos governou em condições difíceis, condicionado pelo plano de resgate financeiro, apoiando-se num parceiro de coligação inconstante (o CDS de Paulo Portas) e tendo de fazer face a uma situação social tensa. Depois, quando se tratou de escolher novo Governo, gerou-se uma situação complexa. Por um lado, uma fatia significativa da opinião pública reconhecia os esforços feitos para endireitar as finanças públicas, o que se traduziu numa votação de 38,5% para PSD e CDS coligados. Por outro, um eleitorado ainda maior manifestava a sua discordância relativamente ao rumo da governação anterior, com PS (32,3%), BE (10,2%) e PCP/PEV (8,3%) a somarem conjuntamente mais de metade dos votos. Uma maioria aritmética que não tardou a transformar-se em convergência política — que ficaria conhecida como ‘geringonça’ — coisa com a qual, um Presidente da República hostil a tal solução teve de se conformar. Em meados de novembro de 2015, Cavaco Silva indigitava António Costa para formar novo Governo e o ciclo da governação de Passos Coelho chegava ao fim.
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