COP27

UE concorda com fundo de financiamento climático para desbloquear impasse no último dia da COP27

Ativistas ambientalistas protestam por justiça climática no Centro Internacional de Convenções de Sharm El-Sheikh
Ativistas ambientalistas protestam por justiça climática no Centro Internacional de Convenções de Sharm El-Sheikh
THAIER AL-SUDANI

Na madrugada desta sexta-feira, a União Europeia concordou em “estabelecer um fundo de resposta a perdas e danos para os países mais vulneráveis” à crise climática. Fundo deve ter uma “ampla base de dadores” e incluir potências como a China e os EUA. Falta de consenso neste ponto-chave está a atrasar a declaração final da cimeira

Numa tentativa de desbloquear as conversações e de resolver um impasse sobre o financiamento climático no último dia formal da COP27, no Egito, a União Europeia concordou na madrugada desta sexta-feira em criar um fundo para ajudar os países mais vulneráveis às alterações climáticas.

A proposta da UE vai ao encontro das principais exigências feitas pelas nações em desenvolvimento, tema que tem sido central na 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. Os povos com menos responsabilidade histórica no aquecimento global e na emissão de gases com efeito de estufa são simultaneamente os mais afetados e, como tal, precisam de ajuda na adaptação e na mitigação dos efeitos da crise climática.

Durante a madrugada, o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, lançou uma proposta em nome da UE indicando que os 27 concordam em estabelecer um fundo para as “perdas e danos”. O anúncio surgiu depois de o grupo G77 (de países em desenvolvimento) ter apelado a Timmermans que a criação de tal mecanismo nesta cimeira era uma exigência fundamental.

O fundo de financiamento — para compensar sobretudo o impacto devastador de eventos climáticos extremos, como as cheias do Paquistão neste verão — deveria ter uma “ampla base de dadores” e “ter em conta a situação económica dos países em 2022, não em 1992”. Isto significa que além dos Estados-membros da UE, economias emergentes e poluidoras, como a China, também teriam de contribuir.

“O que propomos é estabelecer um fundo de resposta a perdas e danos para os países mais vulneráveis”, continuou Frans Timmermans, responsável pela pasta do Clima na Comissão Europeia. No entanto, é já conhecida a reticência de grandes potências como os Estados Unidos e a China: apesar de serem dos maiores poluidores do mundo, resistem vincular-se a um mecanismo que os obrigue a desembolsar dinheiro.

A ideia de “pressionar países não europeus ricos a pagar a sua parte” foi fortemente defendida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, logo no primeiro dia da cimeira do clima da ONU. “Os EUA e a China têm de estar realmente envolvidos, porque os europeus são os únicos a pagar”, alertou durante um intercâmbio com jovens em Sharm el-Sheikh.

Pela primeira vez numa COP, foi incluída na agenda a questão do financiamento climático, e o facto de a conferência se realizar em África deu outra força à exigência de um fundo de perdas e danos. Porém, este ponto-chave tornou-se também um dos principais pontos de discórdia nas negociações. A cimeira termina teoricamente esta sexta-feira, mas a falta de consenso pode levar a que o acordo final se arraste até ao fim de semana.

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