18 novembro 2022 9:07

Pela primeira vez numa COP, foi incluída na agenda a questão do financiamento climático, e o facto de a conferência se realizar em África deu outra força à exigência de um fundo de perdas e danos
mohamed abd el ghany
As negociações só devem terminar no sábado, mas poucos acreditam que delas saiam ações que travem a crise climática
18 novembro 2022 9:07
“1,5°C é um limite não negociável”, tem alertado Johan Rockström, um dos mais conceituados cientistas na área das alterações climáticas. A mensagem surge em reação aos rumores de que este objetivo pode estar em causa no documento final que sairá da 27.ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27). Era suposto que um acordo saísse da cimeira do Egito esta sexta-feira, mas nos corredores de Sharm el-Sheikh muitos apostam em que não haja conclusões antes de sábado. E estas podem não ser as desejáveis, a começar por continuar a não estar incluído no texto o fim dos combustíveis fósseis.
As 20 páginas do rascunho resultante das negociações multilaterais, apresentadas pela presidência egípcia da COP esta quinta-feira, mostram que as partes continuam divididas. De regresso ao Egito, após a reunião do G20, em Bali, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reforçou que “o mundo está a observar” e espera “a ação climática que as pessoas e o planeta desesperadamente precisam”. Apelou a um pacto de solidariedade climática, com um acordo credível sobre o mecanismo de perdas e danos e o financiamento devido para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar esta emergência, e reforçou a necessidade de manter vivo o objetivo de não aumentar em mais do que 1,5°C a temperatura média do planeta até ao final do século, condição para “manter as pessoas vivas”. Porém, no rascunho do texto final da COP27 estes objetivos estão aquém de ser atendidos. A ambicionada cimeira da “implementação”, como a presidência egípcia frisou no início, corre o risco de ser a cimeira da “desilusão”. Este é o sentimento que paira ao 12.º dia.
Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.