No ano passado, “os portugueses encaminharam para reciclagem um total de 460.285 toneladas de embalagens”, avançou a Sociedade Ponto Verde citando os dados globais do SIGRE (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens) e detalhando que mais metade das embalagens (60%) que foram colocadas no mercado em 2023 foram recicladas — o que denuncia uma estagnação face ao ano anterior. Os números já não são muito otimistas, mas os ambientalistas lançam dúvidas: quão reais serão?
“O problema é sempre o universo sobre o qual estamos a falar, e isto é sistemático”, começa por dizer Rui Berkemeier, que duvida destes 60%. Segundo o técnico da equipa de resíduos da Zero, dentro dos resíduos urbanos há muitas embalagens que não são declaradas, logo não aparecem nas contas da Sociedade Ponto Verde e das outras entidades gestoras que pertencem ao sistema nacional SIGRE, como é o caso do Novo Verde e do Eletrão.
Estas entidades licenciadas “só contabilizam o universo de embalagens que vão ter de reciclar, em função daquelas que pagam ecovalor”, e “há muitas que não estão a pagar”, adverte. O ecovalor funciona como um imposto que é pago, por tonelada, pelas empresas produtoras, embaladoras ou fornecedoras de embalagens (estamos a falar de plástico, papel/cartão, vidro, metal e madeira) às três entidades gestoras, que depois tratam dos resíduos.
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