SER

Guimarães escolhida como cidade piloto no NetZeroCities: “Foi a única a nível nacional”

O Toural é uma das zonas abrangidas pelo corte ao trânsito e ao protesto dos comerciantes
O Toural é uma das zonas abrangidas pelo corte ao trânsito e ao protesto dos comerciantes
NurPhoto

O projeto europeu financiado pelo Horizon 2020 escolheu 53 cidades europeias para testar abordagens inovadoras em direção à transição climática urbana. Guimarães é uma delas. Ao Expresso SER, a vereadora do ambiente diz que o município quer envolver a comunidade, em iniciativas como as brigadas verdes, para chegar à neutralidade carbónica em 2030

Esta iniciativa é promovida pelo NetZeroCities, que é um projeto-consórcio de 33 parceiros europeus que apoia, através da plataforma EU Cities Mission, várias cidades europeias na redução das suas emissões de gases com efeito de estufa. O concurso deste ano contou com 103 candidaturas, envolvendo um total de 159 cidades e 33 países da União Europeia, e no final foram escolhidas 25 candidaturas, correspondentes a 53 cidades. Guimarães é uma delas.

Este projeto, que tem 32 milhões de euros vindos do programa-quadro comunitário Horizon 2020 para distribuir, surge para ajudar as cidades a acelerarem a transição energética e atingir a neutralidade carbónica em 2030. “As cidades ocupam apenas 4% do território da União Europeia, mas albergam 75% dos cidadãos europeus. As cidades consomem 65% de toda a energia a nível mundial e são responsáveis por mais de 70% da emissão de CO2”, segundo as contas do NetZeroCities que usa estes números para justificar a existência deste programa.

Como tal, este projeto financia cidades para que elas possam implementar ações em diversas áreas de atuação: energia térmica, gestão de resíduos, uso do solo, eletricidade e edifícios, processos industriais, e mobilidade e transportes.

Sofia Ferreira, vereadora do Ambiente da Câmara Municipal de Guimarães, explicou que a candidatura portuguesa vai receber cerca de um milhão de euros para ajudar neste caminho rumo à descentralização energética, verba que será distribuída pelo município, pelo Laboratório da Paisagem (uma associação criada pelo município e pelas universidades do Minho e Universidade de Trás-os-Montes) e pela empresa RdA Climate Solutions que colabora com a Câmara nestas áreas ligadas à sustentabilidade.

“Nós, Guimarães, apresentámos a nossa candidatura designada ‘Distrito C: Compromisso de Carbono Zero’ e foi selecionada. Foi uma das 25 candidaturas que foi selecionada a nível europeu, num total de 103 que foram submetidas a este programa. Foi a única, aliás, a nível nacional que foi distinguida nesta fase”, explica a vereadora.

Mas, afinal, de onde vem esta ideia do ‘Distrito C’? “Nós já temos um projeto que está em implementação, que é o ‘Bairro C’, que designamos como os Caminhos da Cultura e Criatividade. É um laboratório de ideias assente nos pilares da cultura, criatividade, conhecimento e ciência. Com esta candidatura ao NetZeroCities quisemos acrescentar mais um ‘C’ a este bairro, ou seja, tornar o bairro climaticamente neutro”.

Este novo projeto, o ‘Distrito C’, “que submetemos para financiamento é um projeto que tem uma abordagem integrada nos diferentes domínios da sustentabilidade, desde logo na área da energia, na área da mobilidade, nos resíduos, nos solos e muito focado em alavancar o objetivo da mudança comportamental”, explica Sofia Ferreira.

Sofia Ferreira, vereadora do Ambiente da Câmara Municipal de Guimarães.

E para onde vai o dinheiro? A ideia deste cheque europeu e do orçamento da câmara para a sustentabilidade é financiar vários projetos, nomeadamente na área da mobilidade (o município já tem uma frota de 26 veículos elétricos), na área do edificado “onde queremos melhorar a eficiência energética”, nas áreas dos resíduos e da utilização dos solos “através de um conjunto de ações que promovam a economia circular” e, ainda, na área do turismo e do património, “porque Guimarães é uma cidade de cultura, de história. Se já somos consolidados no segmento do turismo cultural, o que pretendemos agora reforçar com esta atuação é a certificação do turismo sustentável”.

Mas a peça central neste caminho rumo à descarbonização é o envolvimento da comunidade. Sofia Ferreira afirma que “a cidade tem uma longa história de envolvimento dos cidadãos nas suas ações, nas questões ligadas à cultura, ao património e também temos vindo a conseguir, ligadas ao ambiente. Queremos criar um pacto de sustentabilidade com o cidadão e dar continuidade ao trabalho que fizemos com as brigadas verdes”.

As brigadas verdes são movimentos espontâneos da comunidade e já foram criadas 35 em 35 freguesias. “O objetivo é conseguirmos ir mais próximo possível dos cidadãos. Estas brigadas verdes envolvem as juntas de freguesias, os escuteiros, as escolas, são constituídas de forma informal, e tem um plano de ação que é apoiado pelo município. Fazem de tudo, desde a recolha seletiva dos resíduos, ações de sensibilização, plantação de árvores, o cuidado com as linhas de água, são variadíssimas as ações que desenvolvemos”.

Nesta área da sustentabilidade, a vereadora puxa dos pergaminhos para lembrar que Guimarães, juntamente com Lisboa e Porto, foi escolhida para integrar as “100 Climate-neutral and Smart Cities by 2030”, uma iniciativa da Comissão Europeia que pretende dar resposta aos desafios climáticos. “São cidades que se comprometeram em implementar projetos e estratégias, por forma a atingir os objetivos da neutralidade climática até 2030”. Sofia Ferreira releva ainda que a cidade já tinha apresentado uma candidatura à Capital Verde Europeia, no ano em que foi Lisboa selecionada, e voltará este ano a tentar a distinção.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas