A Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (eSPap) publicou o relatório do Parque de Veículos do Estado que faz um retrato da frota de carros públicos em 2022. A conclusão é que a esmagadora maioria dos automóveis do Estado continua a ser muito pouco amiga do ambiente. Das 25.283 viaturas públicas existentes, 73% são movidas a gasóleo e 23% usam gasolina. Automóveis a eletricidade são apenas 451 e os híbridos somente 215, ou seja, 1,8% e 0,9% do total da frota, respetivamente.
Em termos de emissão de CO2, há 12.321 veículos do Estado sem emissões definidas, alguns por causa da sua tipologia (motociclos, triciclos, quadriciclos ou reboques), outros porque “não dispõem de registo do valor de emissões de CO2 devido à sua antiguidade”. Das restantes 12.962 viaturas onde se consegue fazer medições, há 969 com um nível de poluição mais baixo, até 95 g/KM, e há 2.298 com indicadores de CO2 acima dos 191 g/KM.
Os níveis de poluição também vão subindo com o aumento da idade do parque automóvel do Estado. Os números da eSPap relativos a 2022 mostram que, no final do ano, a idade média dos carros aumentou para os 16,27 anos, e que a quilometragem média andava nos 218 mil quilómetros (ver tabela no final do texto), sendo que 27% do total da frota marcava mais de 300 mil no conta-quilómetros.
A fatia de leão dos automóveis do Estado pertence à GNR, com 6.051 carros, e à PSP, com 4.838 veículos. Os elétricos continuam a representar um valor residual dos veículos usados pelas forças de segurança. No ano passado, a PSP, que conta com cerca de 80 elétricos na frota, recebeu do Ministério da Administração Interna 17 veículos elétricos que estavam com pouca utilização nos ministérios.
A promessa de Matos Fernandes
Há três anos, o então ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes decretava “o fim dos carros a gasóleo”, por considerar que não teriam valor de troca no espaço de quatro anos. Nesse mesmo ano, e após as palavras do ministro, causou polémica a decisão do Turismo de Portugal de comprar 46 carros a diesel por considerar que era a opção “mais racional”, tendo em conta o rácio custo/benefício e a rede de abastecimento elétrica insuficiente que existia no território português.
Foi nessa altura que o ministro anunciou que iria assinar um despacho, juntamente com o Ministério das Finanças, para obrigar a que 50% dos veículos que viessem a ser comprados pelo Estado fossem necessariamente elétricos.
Olhando para os números eSPap não é claro que este despacho esteja a ser cumprido. Por exemplo, os dados de 2022 mostram que o Estado adquiriu ao longo do ano 69 carros e outros 185 em regime de aluguer operacional, mas o número de automóveis elétricos aumentou em apenas nove e os híbridos em quatro. Uma parte relevante dos veículos que entram do parque automóvel do Estado são carros que foram abandonados ou apreendidos; só no ano passado foram 322.
Fazendo as contas para 2021, o cenário é idêntico. A frota de elétricos aumentou em 14 e a dos híbridos em 114, mas o total de viaturas adquiridas pelo Estado foi de 669 nesse ano, e mais 256 em regime de aluguer.
Em termos de marcas, a Renault (3.538), a Toyota (2.749) são as duas marcas preferidas pelos serviços do Estado, seguindo-se no Top 10 a Nissan, Skoda, Volkswagen, Citroen, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Yamaha e a Peugeot.
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