A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) não encontrou nexo de causalidade entre a demora no atendimento na chamada de socorro e a morte de um homem no concelho de Pombal em novembro de 2024. Segundo as conclusões do relatório, a que a Lusa teve acesso, as probabilidades de sobrevivência deste homem, de 90 anos, “seriam semelhantes, mesmo em condições otimizadas”.
O homem morreu a 4 de novembro de 2024, dia em que coincidiram duas greves que agravaram os atrasos no atendimento por parte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM): a greve às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar e a da Função Pública. Um relatório anterior da IGAS revelou que, neste dia, mais de metade das chamadas para o INEM foram abandonadas, com apenas 2510 das 7326 chamadas atendidas.
Este é o sétimo caso concluído no âmbito dos 12 inquéritos abertos pela IGAS a mortes registadas entre 30 de outubro e 7 de novembro de 2024, durante os dias em que o serviço de emergência foi mais afetado. Dos sete casos já analisados, em dois foi identificado nexo de causalidade entre a demora no socorro e a morte das vítimas.
Um desses casos ocorreu em Bragança, a 31 de outubro, e envolveu um homem de 86 anos. A IGAS concluiu que, embora as hipóteses de sobrevivência fossem reduzidas, o atraso de uma hora e vinte minutos na resposta de emergência poderá ter sido determinante para o desfecho fatal.
O outro caso também teve lugar no concelho de Pombal e também a 4 de novembro. O relatório aponta que a morte de um homem de 53 anos poderia ter sido evitada se tivesse sido ativada a Via Verde Coronária dentro do tempo clínico recomendado, tendo sido identificadas responsabilidades individuais de uma técnica e de um médico do CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) de Coimbra.
Nos cinco casos restantes, incluindo o agora divulgado do homem de 90 anos, a IGAS concluiu que os óbitos ocorreriam mesmo com socorro atempado, dada a gravidade dos quadros clínicos.
Entre eles encontram-se as mortes de uma mulher de 74 anos em Almada, com lesão cerebral irreversível; de uma idosa de 93 anos em Tondela; de uma mulher de 86 anos vítima de AVC hemorrágico em Castelo de Vide; e de um homem de 77 anos em Vila Real de Santo António, que sofreu um enfarte do miocárdio sem hipótese de reversão.
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