Saúde

AD quer que estrangeiros apresentem "comprovativo de cobertura de cuidados de saúde" para terem acesso ao SNS

AD quer que estrangeiros apresentem "comprovativo de cobertura de cuidados de saúde" para terem acesso ao SNS
JOSÉ SENA GOULÃO

No entender do PSD e do CDS-PP, a procura indevida do SNS tem sido potenciada pela formulação da atual Lei de Bases do SNS. A formulação pode excluir os imigrantes sem situação regularizada

AD quer que estrangeiros apresentem "comprovativo de cobertura de cuidados de saúde" para terem acesso ao SNS

Eunice Lourenço

Editora de Política

A AD quer que os estrangeiros não residentes em Portugal ou em situação irregular tenham de apresentar " comprovativo de cobertura de cuidados de saúde" para terem acesso ao SNS. A alteração à lei de bases do SNS, que tinha sido anunciada ontem por Hugo Soares, foi apresentada esta quinta-feira, com uma formulação que pode incluir restrições a migrantes não legalizados.

“No entender do PSD e do CDS-PP, a procura indevida do SNS tem sido claramente potenciada pela formulação da atual Lei de Bases da Saúde. Na sua base 21, incluem-se, entre os beneficiários do SNS, os nacionais de países terceiros e migrantes, ainda que sem a respetiva situação legalizada”, criticou Miguel Guimarães, médico e deputado do PSD, considerando que tal tem impedido as entidades públicas de “qualquer forma de controlo do acesso de estrangeiros ao SNS”.

Assim, a AD pretende mexer em dois números da base 21 da lei. O número 1, que não é alterado, garante a todos os cidadãos portugueses o acesso ao SNS. No número dois, são introduzidas alterações de forma a garantir o acesso "os cidadãos em situação de permanência regular em território nacional ou em situação de estada ou em situação de residência temporária em Portugal", assim como aos apátridas.

A principal alteração da proposta da AD é a criação de um número 5, que segundo a AD deve ficar com a seguinte formulação: "O acesso de cidadãos em situação de permanência irregular ou de cidadãos não residentes em território nacional e não previstos no n.º 2 (, implica a apresentação de comprovativo de cobertura de cuidados de saúde, bem como a apresentação de documentação considerada necessária pelo Serviço Nacional de Saúde para adequada identificação e contacto do cidadão, exceto no acesso a prestação de cuidados de saúde urgentes e vitais, não dispensando a apresentação posterior de comprovativo e demais documentação necessária."

Da conjugação das várias alterações, pode resultar que só os imigrantes já legalizados tenham acesso ao SNS. Ao anunciar a proposta, no debate quinzenal de quarta-feira, o líder parlamentar do PSD falou, de facto, em colocar restrições a imigrantes, mas depois emendou para estrangeiros sem residência permanente em Portugal.

Na apresentação da proposta, a AD apelou ao apoio dos outros grupos parlamentar. “Neste momento, nós esperamos contar com o apoio de todos os partidos políticos que têm assento na Assembleia da República, porque esta é uma situação tremendamente injusta para os nossos cidadãos e para o funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, afirmou Miguel Guimarães.

O Bloco de Esquerda já veio dizer que a AD está a usar os estrangeiros como "bode expiatório" dos problemas no SNS e o PS marcou uma conferência de imprensa para esta sexta-feira. O Chega, entretanto, já apresentou um projeto próprio, mais restritivo do que a proposta da AD e com o qual André Ventura quer, inclusive, impedir a entrada em Portugal de grávidas sem seguro de saúde.


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