Exclusivo

Saúde

“A descoberta do ano” para a “Science”: como um novo grupo de fármacos para a obesidade “está a mudar o paradigma”

“A descoberta do ano” para a “Science”: como um novo grupo de fármacos para a obesidade “está a mudar o paradigma”
NurPhoto

São fármacos “extremamente inovadores” porque fazem mais do que perder peso: conseguem controlar a diabetes, aumentar a saciedade e regular o apetite, e ainda têm outros “grandes benefícios”, incluindo na redução de eventos cardiovasculares. Eis os medicamentos agonistas dos recetores GLP-1 que já estão num “quadro de escassez mundial”

“A descoberta do ano” para a “Science”: como um novo grupo de fármacos para a obesidade “está a mudar o paradigma”

Mara Tribuna

Jornalista

Foram desenvolvidos originalmente para a diabetes, induzem uma perda de peso significativo e têm outros grandes benefícios: reduzem os sintomas de insuficiência cardíaca, bem como o risco de ataques cardíacos e de acidentes vasculares cerebrais. “Por todas estas razões”, a revista “Science” nomeou os medicamentos chamados agonistas dos recetores GLP-1 como “a descoberta do ano” de 2023.

Trata-se de uma nova classe terapêutica que “está a mudar o paradigma” e a trazer “uma onda de esperança de que possam diminuir as taxas de obesidade e as doenças crónicas interligadas”, ou seja, as comorbilidades, descreve a revista científica. Imitam uma hormona intestinal chamada peptídeo-1, semelhante ao glucagon (GLP-1) que é “uma substância que ajuda a nivelar o açúcar no sangue”, explica a presidente da Associação Nacional das Farmácias ao Expresso.

Como diz Ema Paulino, os medicamentos GLP-1 — como o Ozempic, Trulicity, Bydureon, Saxenda ou Victoza — “fazem aquilo a que chamamos de supressão da libertação do glucagon”, sendo que o glucagon aumenta o nível de glicose no sangue, ao contrário da insulina. Assim, os fármacos “contribuem para o controlo da diabetes” e, além disso, aumentam a saciedade. “As pessoas acabam por comer menos porque se sentem saciadas durante mais tempo, daí a importância para a perda de peso”.

A própria perda de peso leva a uma “reversão das comorbilidades” associadas à obesidade — e “são mais de 200”, indica Paula Freitas, ex-presidente da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade. “Os doentes quando perdem 5% de peso têm uma melhoria de algumas comorbilidades, quando perdem 10%, ainda mais. Todas as doenças instaladas podem regredir ou reverter”, afirma a endocrinologista.

Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mtribuna@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate