Saúde

Diabetes: cerca de 40% dos casos em todo o mundo ficam por diagnosticar

Diabetes: cerca de 40% dos casos em todo o mundo ficam por diagnosticar
Willie B. Thomas/ Gettyimagens

Aproximadamente metade dos casos diagnosticados em todo o mundo não são tratados. A disparidade no tratamento “destaca a necessidade urgente de melhorar o acesso aos cuidados diabéticos a uma escala global”, lê-se no relatório “Global Diabetes Industry Overview 2023”

Por todo o mundo, cerca de 40% dos casos de diabetes não são diagnosticados, segundo o relatório Global Diabetes Industry Overview 2023 (“Panorâmica da Indústria Mundial de Diabetes 2023”), avança o jornal “The Guardian”. A maioria dos casos que ficam por diagnosticar ocorre em África (60%), no sudeste asiático (57%) e na região do Pacífico ocidental (56%).

O estudo é o mais abrangente até agora realizado e foi levado a cabo pela Agência de Análise do Envelhecimento, uma empresa especializada em temas relacionados com a longevidade e o envelhecimento. Publicado na quinta-feira, reuniu dados de mais de 2800 empresas, 1500 investidores e 80 centros de investigação e desenvolvimento.

Segundo a Federação Internacional de Diabetes, uma em cada dez pessoas possui a doença, totalizando 537 milhões de adultos. A diabetes provocou, em 2021, quase sete milhões de mortes a nível mundial, ainda que mais de 921 mil milhões de euros sejam investidos no tratamento, de acordo com o relatório.

Três em quatro pessoas com esta doença vivem em países com rendimento baixo e médio, nos quais é mais difícil aceder aos serviços de saúde, segundo o relatório. “ Infraestruturas de saúde limitadas, incluído a escassez de profissionais de saúde e equipamento de diagnóstico, impede o diagnóstico precoce da diabetes”, explicou ao “The Guardian” Sasha Korogodski, investigadora principal do estudo.

Mais de 530 empresas são especializadas no diagnóstico da doença de diabetes, contudo apenas 33 estão sediadas no continente africano, sudeste asiático e Pacífico ocidental.

Um estudo da ONG Health Action International (“Ação de Saúde Internacional”) indica que a insulina, medicamento necessário ao tratamento da diabetes, custa, em média, 10 vezes mais em países subdesenvolvidos do que em países desenvolvidos. Em África, metade da população não consegue aceder aos cuidados médicos de que precisa, afirmou Caroline Mbindyo, diretora executiva da Amref Health Innovations, uma ONG que tem a saúde em África como campo de ação.

Em declarações ao “The Guardian”, Caroline Mbindyo explica que o acesso aos cuidados de saúde nem sempre é simples: muitas pessoas demoraram horas ou dias até chegar aos serviços de saúde. Devido ao tempo despendido e as despesas implicadas na deslocação, muitos “nem sequer” consideram que é possível ir até um local que preste cuidados médicos. “É-lhes impossível chegar a estes serviços”, acrescenta.

O crescimento das áreas urbanas e as alterações na agricultura causadas pela crise climática provocaram um aumento da produção e consumo de alimentos processados. “Combinado com a mudança para estilos de vida mais sedentários, particularmente nos centros urbanos, isto conduz a um aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2”, diz Caroline Mbindyo.

Em Portugal, o número de casos por diagnosticar reflete a realidade mundial. Entre 2014 e 2021, o número de diagnosticados com a doença aumentou em 20%, segundo uma apontou o “Diário de Notícias”. Um número que poderia ser superior, quando se considera que mais de 40% dos casos ficaram por diagnosticar em 2021, de acordo com o relatório de 2023 do Observatório Nacional da Diabetes.

Texto de Eunice Parreira editado por João Pedro Barros

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