Lisboa

A Câmara de Lisboa notificou e os partidos não cumpriram, mas 30 cartazes políticos estão a ser removidos entre o Saldanha e Entrecampos

Praça Duque de Saldanha, em Lisboa
Praça Duque de Saldanha, em Lisboa
José fonseca Fernandes

A autarquia justificou a medida por esta área da cidade “estar abrangida pelo Plano das Avenidas Novas, da responsabilidade de Ressano Garcia, e de nela se localizarem vários edifícios classificados ou com interesse patrimonial muito relevante, referenciados na Carta Municipal do Património do PDM de Lisboa”

Mais de 30 cartazes de propaganda política colocados no Eixo Central de Lisboa, entre o Saldanha e Entrecampos, estão a ser removidos, por não terem sido retirados voluntariamente pelos partidos responsáveis, após notificação do município, anunciou hoje a Câmara.

"Os partidos políticos que tinham dispositivos de propaganda no Eixo Central foram previamente notificados para procederem à remoção voluntária dos mesmos. Não tendo tal sucedido dentro do prazo estabelecido para o efeito, os serviços da autarquia avançaram com a sua remoção coerciva", acrescentou a Câmara Municipal de Lisboa (CML), numa nota.

A autarquia justificou a medida por esta área da cidade "estar abrangida pelo Plano das Avenidas Novas, da responsabilidade de Ressano Garcia, e de nela se localizarem vários edifícios classificados ou com interesse patrimonial muito relevante, referenciados na Carta Municipal do Património do PDM de Lisboa".

A CML recordou também que, em setembro de 2022, o executivo presidido por Carlos Moedas (PSD) retirou os cartazes de propaganda política da Praça Marquês de Pombal e, em dezembro de 2024, alargou a medida à Alameda Dom Afonso Henriques.

Citado na nota, Carlos Moedas afirmou que "esta não é uma medida contra os partidos, mas sim uma iniciativa a favor da cidade, a favor dos lisboetas", justificando que "um espaço nobre da cidade não pode continuar a ser tratado como um painel político permanente".

"É uma poluição visual absolutamente indesejável, que prejudica a cidade e impede que os lisboetas usufruam deste local, além de comprometer a valorização da nossa história e a salvaguarda do nosso património", acrescentou.

Em 24 de fevereiro, de acordo com um despacho a que a agência Lusa teve acesso, a Câmara Municipal de Lisboa notificou vários partidos -- como o Chega, IL, Livre, PCP ou BE -- para que removessem os painéis e cartazes políticos colocados no "eixo central da cidade de Lisboa", em zonas como as praças do Marquês de Pombal, de Entrecampos, do Campo Pequeno ou a Avenida da República.

Segundo a autarquia, nesse eixo central da cidade existem vários edifícios classificados como monumentos ou de interesse público e está em curso o "Plano das Avenidas Novas", que visa "salvaguardar a existência de manchas importantes de arvoredo e vegetação" entre a praça do Marquês de Pombal e o Campo Grande e criar um "enquadramento mais harmonioso" para o cidadão.

Um dos partidos visados pela ordem de remoção foi o Nova Direita, que recorreu da decisão, considerando-a infundada.

Contudo, na segunda-feira da semana passada o Nova Direita foi notificado pela câmara que o recurso não "mereceu acolhimento", recebendo novamente a ordem de retirar a propaganda política voluntariamente no "prazo de 24 horas", sob pena de a autarquia o fazer coercivamente, imputando os custos ao partido.

Num comunicado, o partido Nova Direita acusou Carlos Moedas de "instrumentalização política" por ordenar a remoção de cartazes partidários no centro de Lisboa a meses das autárquicas, considerando que pretende "fragilizar concorrentes políticos".

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