
Fortunato da Câmara mostra o que vale a pena provar no Livramento, a zona alta do Estoril
Fortunato da Câmara mostra o que vale a pena provar no Livramento, a zona alta do Estoril
Ser ‘da Linha’ impôs-se socialmente como uma espécie de marca de classe ou casta, gerando ligeira segregação para classificar pessoas como ‘betinhos da Linha’. A ‘Linha’ é a ferroviária que liga o Cais do Sodré a Cascais. Saindo de Lisboa, os de Algés, Cruz Quebrada e Dafundo, são daí mesmo, ponto. Seguindo viagem adiante começa a aura linear, e todos passam a ser da ‘Linha’, sejam de Caxias, Oeiras, ou até do Linhó, que já faz parte de Sintra. A partir do largo da estação de Cascais acaba a linha física do caminho de ferro e começa outra, a linhagem das famílias antigas, por vezes separadas por uma linha ténue do mundo real.
A ‘Linha’ é, portanto, abrangente e democrática, com os utentes das carruagens que se estratificam a partir da vista luxuosa da orla costeira, até que o Atlântico se dilua nas ruas e freguesias que formam segundas e terceiras linhas paralelas ao mar. A ‘Linha’ é beta. E tal como nas versões Beta da informática, a aparente sofisticação a desenvolver soluções de ascensão social pode ter versões melhoradas, mas não significa ascender à ‘linhagem’ na versão final, só por se ser da ‘Linha’. Estar à mesa rodeado de amigos a petiscar é um mantra nacional interclassista que se pratica na ‘Linha’, em diferentes níveis de exigência e estilo, claro.
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