Exclusivo

Lifestyle

Vinhos: balanços (rápidos) e perspetivas (nubladas). 2022 será uma grande incógnita

Vinhos: balanços (rápidos) e perspetivas (nubladas). 2022 será uma grande incógnita
Rui Duarte Silva

Há empresas que se preparam para, em termos de resultados, comunicar 2021 como o melhor ano de sempre

O ano de 2021 foi completamente anómalo. A vários níveis. A começar na saúde pública e no vinho também. O negócio até correu bem e tenho notícias de empresas que se preparam para, em termos de resultados, comunicar o 21 como o melhor ano de sempre. Outros produtores de média dimensão também notam um acréscimo quase anormal de vendas no mês de dezembro, gerando até ruturas de stock. Uma surpresa em tempos de pandemia. A vindima correu bem, seguramente melhor para brancos do que para tintos, ajudando assim a enterrar a ideia que Portugal é país de tintos; é sim senhor, mas só às vezes, com os brancos a mostrarem maior consistência de qualidade vindima após vindima.

O que já ninguém estava habituado era a dois fenómenos que se agravaram este ano: falta de matérias-primas, dificuldades na obtenção de coisas tão simples como rótulos ou caixas, dificuldades que se estendem a produtos para a agricultura; estamos assim a falar em inflação, conceito que tinha desaparecido do nosso léxico há muitos anos. Os preços estão a subir, desde os adubos aos produtos de tratamento da vinha, e isso, associada à escassez de mão de obra, vai necessariamente levar à subida dos preços. O que se receia é que essa subida seja apenas no produto final e não no pagamento do vinho e das uvas ao produtor, o tal que viu os custos de produção subirem. A tentação do lucro fácil irá fazer com que as empresas ganhem mais mas continuem a pagar o mesmo àqueles a quem compram vinho. Inevitavelmente olhamos para as grandes superfícies, as maiores compradoras e vendedoras de vinho, onde os preços se decidem ao cêntimo e pagar mais um cêntimo à produção é assunto de regateio.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate