Jornada Mundial da Juventude

JMJ: MAI e polícias consideram que evento foi "exemplar" no que respeita à segurança

JMJ: MAI e polícias consideram que evento foi "exemplar" no que respeita à segurança
TIAGO MIRANDA

MAI e secretário-geral do Sistema de Segurança Interna destacaram a coordenação entre as diferentes forças de segurança. E falaram “no mais importante evento em Portugal” no que respeita a logística de segurança e em que participaram 16 mil operacionais

JMJ: MAI e polícias consideram que evento foi "exemplar" no que respeita à segurança

Hugo Franco

Jornalista

Esta segunda-feira, horas depois do regresso do Papa Francisco a Roma, foi hora de balanços em Lisboa. José Luís Carneiro, o ministro da Administração Interna, destacou três palavras que marcaram a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em matéria de segurança: “confiança, cooperação e vontade cívica”. E falou mesmo no “maior evento de sempre em termos de coordenação da segurança”.

O ministro realçou a “confiança nas ruas, os aplausos, as palavras e mensagens, que representaram o orgulho que os portugueses sentiram nas forças e serviços de segurança durante o evento”.

“As forças e serviços de segurança têm ajudado a construir um dos países mais pacíficos países do mundo”, frisou. José Luís Carneiro destacou ainda a capacidade de cooperação e coordenação entre todas as polícias no terreno.

No mesmo tom elogioso, Paulo Vizeu Pinheiro, secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, destacou o trabalho dos 16 mil operacionais no terreno. “A JMJ correu de forma exemplar” e as polícias “foram os olhos da águia que tudo permitiu articular a nível de segurança”.

Vizeu Pinheiro realçou que foi “fundamental a intelligence e a cooperação internacional” e o controlo de fronteiras “direcionado e cirúrgico”.

149 crimes associados à JMJ

Na conferência de imprensa realizada no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, estiveram presentes os principais responsáveis das forças e serviços de segurança portugueses.

Magina da Silva, o diretor nacional da PSP, lembrou que no início do evento “as ameaças identificadas eram muitas e graves e os riscos eram muitos”. E que a JMJ contou com a maior mobilização policial na história da PSP.

Foram colocados em média três mil polícias por turno (por cada 8 horas) dedicados à JMJ. “Não houve impacto negativo na criminalidade dos comandos que enviaram operacionais para Lisboa.”

O número um da PSP realçou que não houve ofensas corporais graves contra peregrinos, nem mortes criminosas por prática de crimes. E mostrou alguns números: 149 crimes associados à JMJ, sobretudo por carteiristas (destes, 129 crimes contra a propriedade, quatro contra a integridade física simples, quatro contra a vida em sociedade, oito por tráfico de droga e quatro contra a segurança nas comunicações).

Magina da Silva revelou que houve receio pelo impacto do número de autocarros que iam a chegar a Lisboa. “Mas o bruxedo dos autocarros não teve qualquer impacto. Subestimámos a capacidade dos peregrinos em se organizarem.” Não chegaram a circular em Lisboa mais de 5 mil autocarros, números muito abaixo do esperado, embora a PSP não tenha um número concreto de autocarros com peregrinos em Lisboa.

A PSP estava também preocupada com o os elevados fluxos de pessoas: “Houve algum stresse no Parque Tejo no primeiro dia, porque devido ao calor várias pessoas se sentiram mal. Mas era algo de que já estávamos à espera.”

O escoamento no parque Tejo era também uma preocupação. “A entrada dos peregrinos durou 10 horas, pensámos que o escoamento durasse muito tempo também, mas ele foi feito em três horas. Montámos um perímetro de circulação automóvel que se revelou adequado, permitindo que a massa enorme de gente se fosse diluindo. Foi feito rapidamente e em segurança."

Magina da Silva destacou ainda a articulação entre o corpo de segurança pessoal da PSP com a segurança do Papa. “Já havia experiência em visitas anteriores. E mostrou ser uma máquina bem oleada entre a PSP e o Vaticano.”

Luís Neves, diretor da PJ, falou na importância da “retaguarda” em relação à segurança do evento. “Ficámos felizes por não se falar na nossas existência o que significa que nenhum facto relevante ocorreu” na área de atuação da Judiciária.

Luís Neves revelou que foram “identificadas grandes ameaças e riscos em cima da mesa”, com apoio dos serviços de informações. E que foi colocado um dispositivo com enfoque no contra-terrorismo, nos crimes contra as pessoas e na área pericial de ponta. “Em 2019, registou-se um trágico acidente na Madeira com várias mortes e tínhamos de estar preparados para uma eventualidade desta natureza.”

Já Paulo Batista, diretor-nacional adjunto do SEF, destacou a atuação do serviço, que foi feita sobretudo na reposição de controlo das fronteiras portuguesas durante a JMJ: “Tudo correu na normalidade”, resumiu. No total, foram controlados 1,4 milhões de cidadãos, tendo havido 213 recusas de entrada relacionadas sobretudo com falta de documentos e com medidas cautelares: “Mas nada de relevante, não havendo situações de ameaça à segurança”.

Responsáveis ligados ao INEM realçaram igualmente que se registaram cerca de perto 5 mil ocorrências de saúde e que só uma minoria dos peregrinos assistidos (3,5% dos casos) foi encaminhado para os hospitais. Só quatro ou cinco situações “mereceram maior preocupação”.

Já na área dos bombeiros e Proteção Civil a situação também esteve “controlada” na JMJ. A maior preocupação foram mesmo os incêndios florestais que decorreram em vários pontos do país durante o evento e que no pico da JMJ chegaram às 90 ocorrências diárias.

Em termos de cibersegurança foi uma jornada “muito tranquila” mas “não isenta de incidentes”, ainda que “sem ameaças graves”, tal como esperava o coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança. Júlio César revelou que houve “tentativas de intrusão em diversos servidores e casos de phishing, mas que foram travados”.

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