JMJ: Peregrinos vão ter passes especiais, Metro com estações fechadas, esperados pelo menos 4 mil autocarros em Lisboa
MIGUEL A. LOPES
A 18 dias das Jornadas Mundias da Juventude, o Governo apresenta o Plano de Segurança e de Mobilidade que inclui indicações para serviços como transportes, estacionamento, circulação ou comunicação. Uma das novidades é um passe especial para peregrinos para a Área Metropolitana de Lisboa
Faltam 18 dias para o início da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que espera receber entre “um milhão” e “um milhão e meio” de peregrinos. Tal como era esperado, o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa avançaram esta sexta-feira com a apresentação do Plano de Mobilidade e de Segurança.
Uma das primeiras novidades foi lançada por Sá Fernandes, coordenador do grupo de projeto da JMJ: um passe especial para os peregrinos para a Área Metropolitana de Lisboa. Estes passes “específicos” vão estar incluídos nos “kits”, sendo exclusivos para os peregrinos inscritos. Depois, cada passe poderá ser carregado nas modalidades para 16, nove ou três dias de utilização com valores ainda por divulgar - mas que serão comparticipados em 40% pelo Estado. “Foi um trabalho excecional de todos os operadores de transporte publico da AML”, lançou Sá Fernandes.
Para já, conta-se com um milhão de peregrinos no período mais concorrido, o fim de semana com o Papa. Aliás, a previsão é que o número de visitantes vá aumentando ao longo da semana - primeiro os jovens peregrinos (300 mil no primeiro evento, ainda sem o Papa Francisco, depois 750 mil no Parque Eduardo VII, já com o sumo pontíficie, até à previsão de 1 milhão no Parque Tejo).
Reforço nos transportes públicos até 780 mil lugares
A ministra Ana Catarina Mendes – que começou a apresentação do Plano de Segurança e Mobilidade a pedir “serenidade” já tinha prometido um reforço de 11% nos transportes públicos no debate sobre a JMJ da passada quinta-feira. Agora, a promessa materializa-se. De acordo com o plano apresentado esta sexta-feira, haverá um reforço diário da oferta de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa em 340 mil lugares durante os dias úteis, 1 a 4 de agosto, e em 780 mil no fim-de-semana, dias 5 e 6.
No transporte rodoviário haverá um aumento de 119 mil lugares nos dias úteis da jornada e um aumento de 429 mil no fim-de-semana. Já na ferrovia, este número é de mais 90 mil lugares e 170 mil, respetivamente. O metro e o metro de superfície ganham 143 mil lugares e 154 mil, nos mesmos moldes. Por fim, o transporte fluvial conta com um aumento de dois mil lugares seguido de 27 mil no fim-de-semana. “Ao fim-de-semana a oferta [de transportes] é mais reduzida e vamos ter uma procura ainda maior, daí o aumento de lugares nestes dias ser ainda mais significativo”, explicou Isabel Pimenta.
Reforço diário da oferta de transportes públicos na JMJ, quadro incluido no Plano de Mobilidade
Plano de Mobilidade JMJ
Metro e CP com estações fechadas
Na apresentação, que arrancou com um breve discurso da ministra Ana Catarina Mendes, esteve também Isabel Pimenta, engenheira da VTM, empresa contratada pelo Governo para desenhar o plano de mobilidade. E que adiantou que o Metro de Lisboa vai ter algumas estações fechadas durante os dias 1, 3 e 4 de agosto (como, aliás, terá vias cortadas ao trânsito). São elas as estações Avenida, Marquês de Pombal, Parque e Restauradores, todas na linha azul, zona central da cidade e próximas do Parque Eduardo VII, que vai receber os eventos mais relevantes da JMJ nesses dias.
A mesma responsável deu também conta que a CP vai fechar estações nos dias seguintes, 5 e 6 de agosto, o fim de semana em que o Papa e os milhares de peregrinos vão concentrar-se no Parque Tejo-Trancão para celebrar a vígilia e a missa final. Nesse caso, as estações de Moscavide, Sacavém, Bobadela e Santa Iria estarão encerradas. Tanto a CP como o Metro de Lisboa ainda darão conta das horas exatas em que os fechos vão ocorrer e quanto tempo vão durar.
Além das estações de metro e da CP encerradas, haverá ainda uma relocalização do terminal do Marquês de Pombal durante toda a semana das jornadas. A interface passará para a Praça de Espanha, junto ao edifício da Gulbenkian. Todos os outros pontos da Carris irão “funcionar com normalidade”. O objetivo é tentar que as pessoas possam ter uma utilização dos transportes públicos com “algum conforto”. Também os ascensores da Bica, da Lavra e da Glória serão encerrados por “razões de segurança”. Já o elevador de Santa Justa, um dos grandes pontos de atração turística do Chiado, irá manter-se em normal funcionamento.
Isabel Pimenta reforçou que estes transportes “suprimidos ou reajustados” libertam meios para “reforçar” os serviços mantidos.
Mais de 4 mil autocarros esperados, estacionamento no Parque Tejo, Alta de Lisboa e Algés
Quanto aos transportes públicos, em particular os autocarros, a organização da JMJ conta com cerca de 4 mil autocarros a entrar em Lisboa ao longo dos dias. Para os acomodar, foram identificados dois espaços com “elevada capacidade de estacionamento”: um na Alta de Lisboa, com 840 lugares, e outro na zona norte do Parque Tejo-Trancão, com capacidade para mil viaturas. Ambos os locais, “dedicados exclusivamente ao evento,” estão em “obras de preparação”. Adicionalmente, também os 2.250 lugares de estacionamento do Terrapleno de Algés poderão ser utilizados, caso exista procura suficiente. O objetivo dos responsáveis foi identificarem locais a uma “distância caminhável” dos principais eventos.
Além destes locais, o grupo de trabalho explicou que existem outros “26 locais” sinalizados para o estacionamento de autocarros. Contudo, a localização dos mesmos só deverá ser revelada na semana das jornadas. “Estas divulgações têm de ser feitas com cuidado, não queremos que os autocarros andem por Lisboa à procura destes locais ou que escolham onde querem ficar porque já há uma hierarquia de acordo com o menor impacto na cidade”, justificou Isabel Pimenta. No total, há “seis mil lugares” adicionais que podem ser ampliados até aos 7.200 num “cenário de contingência”.
Para requisitar um destes lugares de estacionamento é necessária uma inscrição através de uma plataforma de registo que ficará disponível no site da JMJ. As “empresas de transporte” e “grupos organizados” podem iniciar os pedidos no “início da próxima semana”.
Apesar de ser esperado que a grande maioria dos peregrinos se desloque de transportes públicos ou a pé, a organização estima que 20% opte pelo carro. Para esses casos, o estacionamento de que a cidade dispõe deverá ser suficiente. “Lisboa tem uma boa oferta de estacionamento”, considera a organização, de cerca de 200 mil lugares na via pública, complementada pelos parques que já existem (85, com espaço para mais 32 mil lugares). Além desses, haverá espaço para 3 mil lugares no Jamor, 2 mil na zona de Loures e 400 lugares no Parque das Nações, que servirão também quem estiver em transporte individual a tentar chegar a algum dos eventos.
Tal como já estava previsto no plano da Câmara Municipal de Lisboa, as bicicletas e as trotinetas, incluindo as GIRA, não poderão circular para e no interior do perímetro da zona amarela e vermelha. A exceção é apenas para os moradores que terão de apresentar um comprovativo de morada, à semelhança dos “tempos de pandemia”, confirmou o diretor nacional da PSP, Magina da Silva, também presente no evento.
Shuttles para voluntários no último dia
Outras das preocupações dos responsáveis pelo Plano de Mobilidade era o transporte dos voluntários da JMJ no último dia do evento, a 6 de agosto. Depois da missa com o Papa Francisco no Parque Tejo-Trancão que marca o encerramento das jornadas, segue-se um encontro entre os voluntários e o responsável máximo da Igreja Católica no Passeio Marítimo de Algés. Para fazer chegar os 30 mil voluntários ao outro lado da cidade, haverá “shuttles rodoviários” da responsabilidade da Carris e da Carris Metropolitana escoltados pelas forças de segurança. Além disso, haverá ainda um reforço da “rede regular de transportes públicos”.
16 mil elementos das forças de segurança
Perante a dimensão do evento, foi desenhado também um Plano de Segurança a par da Mobilidade. Entre os poucos detalhes trazidos a público, estão os 16 mil operacionais, entre “agentes de segurança, polícia, proteção civil e de emergência médica”, destacados para a semana da JMJ. “É um número flexível”, lembrou o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), Paulo Vizeu Pinheiro.
Haverá ainda um controlo do espaço aéreo com “quatro zonas de exclusão” em Lisboa e em Fátima, um “maior controlo” nos aeródromos e sistemas de deteção para “drones não autorizados”. Contudo, isto não significa “reduções” ou “interferências” nos voos comerciais. “Nenhum voo comercial será prejudicado”, garantiu o secretário-geral do SSI.
Para evitar “excesso de lotação” nos recintos, os responsáveis pelo Plano de Segurança irão ter também acesso a um sistema de controlo que permite saber “em tempo real” e de “forma fidedigna” quantas pessoas estão nas zonas dos eventos principais.