Incêndios

Marcelo aconselha ministra da Administração Interna: "Nem sempre quem está perante situações de sufoco é capaz de responder em conformidade"

Marcelo Rebelo de Sousa, numa visita à Autoeuropa, em Palmela, a 19 agosto de 2025
Marcelo Rebelo de Sousa, numa visita à Autoeuropa, em Palmela, a 19 agosto de 2025
ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Numa declaração sobre os incêndios, o Presidente da República sublinhou que a situação nesta terça-feira é melhor do que a da véspera e que hoje se combate e previne melhor do que em 2017: "aprendeu-se uma parte, até agora não tivemos cem mortes"

Marcelo Rebelo de Sousa conversou esta terça-feira com jornalistas na Guarda, onde esteve no funeral de Carlos Dâmaso, ex-autarca que morreu no combate aos incêndios. O Presidente da República falou da situação das chamas no país e ressaltou a importância do trabalho “conjunto para encontrar um sistema que vá aprendendo” a melhorar.

Desde 2017, ano em que o país bateu o recorde de área ardida e em que morreram 114 pessoas, “aprendemos que é importante preservar ao máximo possível as vidas humanas”, ressalta Marcelo. “Aprendemos que é preciso prevenir mais, mas prevenir mais significa trabalhar mais todo o ano”, alertou.

O Presidente vê evolução no combate às chamas desde o ano dos grande fogos de junho, em Pedrógão Grande, e de outubro. Marcelo relembra que há oito anos encontrou “em cima da mesa um mapa do Automóvel Clube de Portugal com umas bandeirinhas": "Era o que havia para tentar saber [a situação dos incêndios], porque haviam caído os telefones todos”.

“Eu lembro-me do que ouvi em 2016, 2017. Acho que na altura era mais violento. Aprendeu-se uma parte, até agora não tivemos cem mortes, mas basta haver um morto em circunstâncias como esta para fazer refletir sobre o sistema e sobre o futuro”, concluiu.

Recado à ministra

Outro aspeto que para o Presidente é importante diz respeito à relação com os média. No último domingo, Maria Lúcia Amaral, ministra da Administração Interna, optou por não responder às perguntas dos jornalistas após um breve pronunciamento sobre os incêndios.

“Isso também se aprende", disse Marcelo, que ressaltou o “papel fundamental da comunicação social” de “esclarecimento, informação atempada” e em “fazer as pessoas acreditarem nos responsáveis”. “Nem sempre quem está perante situações de sufoco é capaz de perceber isso e responder em conformidade”, finalizou.

O Presidente da República demonstrou cautela ao comentar a situação dos incêndios no país. Marcelo Rebelo de Sousa disse que vai ouvir o presidente da Liga dos Bombeiros na próxima semana, e preferiu “não falar muito" por ainda estar "em pleno teatro de operações".

Sobre a situação de hoje, comentou que está “aparentemente menos grave do que a de ontem”. O chefe de Estado ressaltou uma melhoria nas condições meteorológicas, nomeadamente temperatura e humidade do ar.

Marcelo disse que, apesar deste cenário mais favorável ao combate aos incêndios, a situação de alerta se mantém até ao final de quarta-feira, mas pode ser estendida. “Os fogos têm esta coisa, está definido um determinado fim e depois chega-se à conclusão de que circunstâncias novas surgiram”.

Texto de João Sundfeld, editado por João Pedro Barros

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