Coronavírus

Fuga de laboratório terá estado na origem da pandemia de covid-19, conclui agora o Departamento de Energia dos EUA

Um passageiro na estação de comboios de Wuhan, já em dezembro de 2022, dois anos depois dos primeiros casos de covid-19
Um passageiro na estação de comboios de Wuhan, já em dezembro de 2022, dois anos depois dos primeiros casos de covid-19
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A conclusão do Departamento de Energia divide as restantes autoridades norte-americanas, que caracterizam a descoberta como sendo de “baixo grau de confiança”

O Departamento de Energia dos Estados Unidos da América acredita agora que uma fuga acidental de um laboratório na China terá causado a pandemia de coronavírus. Os serviços secretos norte-americanos continuam, porém, divididos quanto à origem do primeiro surto.

De acordo com “The Wall Street Journal”, as conclusões a que chegou o Departamento de Energia não têm uma base sólida, tendo muitas autoridades e agências mantido a ideia anterior, de que a pandemia terá começado num mercado de alimentos e animais vivos em Wuhan. O jornal “The New York Times” vinca que algumas teses apresentadas pelo Departamento de Energia provêm de estudos da rede de laboratórios nacionais, que conduzem pesquisas biológicas, em vez de recorrerem a redes de espionagem ou interceção de telecomunicações.

Os serviços de informação dos EUA já tinham alertado para a dificuldade - ou até impossibilidade - de se concluir com certeza o que espoletou a pandemia que matou quase sete milhões de pessoas, dada a oposição de Pequim em relação a novos estudos.

Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, recusou-se a confirmar a informação acerca das conclusões do Departamento de Energia e asseverou que ainda não há “respostas definitivas”. O alto responsável norte-americano adiantou apenas que Joe Biden deu ordem para que os laboratórios do país fossem envolvidos nas investigações e assim fossem mobilizadas “todas as ferramentas” de que o Governo dispõe. Em caso de serem encontradas novas informações, garantiu ainda Sullivan, o Executivo norte-americano comunicaria as descobertas ao Congresso e à população.

A 8 e 9 de março, os líderes das secretas norte-americanas responderão perante o Congresso acerca dos dados atuais sobre as ameaças globais. De acordo com o jornal “The New York Times”, Avril D. Haines, diretora dos serviços de informação norte-americanos, e outros altos funcionários das secretas deverão ser questionados sobre a investigação em curso referente às origens do coronavírus. A questão tem dividido os dois lados do espectro político nos Estados Unidos. Muitos democratas duvidam da possibilidade de fuga de um laboratório chinês, procurando, em vez disso, “causas naturais” para o explicar. Já grande parte dos republicanos acredita que o vírus poderá, sim, ter tido origem num dos laboratórios científicos em Wuhan. Aliás, um subcomitê do Congresso, criado quando os republicanos assumiram a Câmara dos Representantes, em janeiro, tornou a teoria da fuga do laboratório o foco central do seu trabalho.

As autoridades de Pequim rejeitam as alegações de libertação de material biológico de um laboratório em Wuhan, argumentando que não têm base científica e que foram politicamente motivadas.

No início da sua governação, Joe Biden pediu aos serviços de informação que investigassem as origens da pandemia, depois de terem criticado o comunicado da Organização Mundial da Saúde. O relatório da OMS publicado em março de 2021 concluía que era "extremamente improvável" que o coronavírus tivesse sido libertado de forma acidental de um laboratório. Mas os EUA alegam que a China nomeou metade dos cientistas que redigiram o documento, tendo exercido sobre eles uma grande pressão.

Os serviços de informação reconheceram que não há qualquer razão para acreditar que o coronavírus tenha sido criado para constituir uma arma biológica, mas continuam a defender que o surto inicial possa ter sido gerado num mercado em Wuhan ou numa fuga acidental de um laboratório.

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