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A noite em que os mais jovens “demonstraram uma maturidade muito superior” à dos que estavam atrás do vice-almirante

A noite em que os mais jovens “demonstraram uma maturidade muito superior” à dos que estavam atrás do vice-almirante
Joao Girao
Agrupamento de Centros de Saúde de Loures e Odivelas preparou um fim de semana especial para chamar os jovens à vacinação - com direito a horário alargado e vários DJ. Ao final da noite, o responsável pela task force da vacinação passou pelo centro de vacinação de Odivelas, onde foi recebido com insultos por manifestantes negacionistas concentrados no exterior - chamaram-lhe “assassino”. Contra o que classificou como “obscurantismo”, o vice-almirante Gouveia e Melo respondeu-lhes: “O negacionismo é que é o verdadeiro assassino”. E depois disse que os jovens “demonstraram este sábado uma maturidade muito superior ao que está atrás de mim [numa referência à manifestação]”. O vírus já matou quase 18 mil pessoas em Portugal

Mafalda Ganhão (texto) João Girão (fotografia) SIC Notícias (vídeo)

A bateria do telemóvel pregou uma partida a Vera Marques. Recém-vacinada contra a covid-19, sentada numa cadeira no Ginásio 1, transformado em sala de recobro no Pavilhão Multiusos de Odivelas, a jovem de 18 anos não pôde partilhar nas redes sociais o momento em que recebeu a primeira dose. "Fiquei sem bateria", diz com um sorriso, para depois perguntar as horas e confirmar quantos minutos lhe faltam para poder ir para casa. Está tranquila. Tem a sensação de dever cumprido e está feliz por ter ultrapassado "algumas dúvidas iniciais" que ainda a fizeram hesitar antes de aceitar a vinda ao centro de vacinação. "O medo de alguma coisa poder correr mal, de a vacina não ser realmente eficaz contra a variante Delta ou o não se saber exatamente os seus efeitos a longo prazo..." Receios que venceu por perceber que não era tempo de "ser egoísta".

À sua volta estão outros jovens, sentados com o devido distanciamento. Não muitos. Ao princípio da noite, a calma que se vivia no pavilhão, organizado segundo critérios de operacionalidade, era apenas contrariada pela agitação vivida do lado de fora, onde um grupo de negacionistas se concentrou para protestar contra as vacinas.

Nada que perturbasse a atividade no interior. Depois de um dia pautado por momentos de grande afluxo (números finais serão cerca de 1.800 vacinas administradas, segundo precisou António Alexandre, diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde de Loures e Odivelas), a hora do jantar trouxe mais calma às equipas de serviço, estando vazias quase todas as dez boxes instaladas para a vacinação.

O fim de semana foi bem preparado, garantiu ao Expresso António Alexandre. "Trinta pessoas por turno e dois turnos previstos", uma equipa bem oleada que está já habituada a "adaptar-se" à função consoante as faixas etárias a receber. Porque este sábado e domingo é a vez dos mais novos, o plano incluiu extensão de horário, um período a partir das 22h em modalidade 'Casa Aberta' (para quem não agendou a vacinação) e até DJ. Em Loures e Odivelas, os centros de vacinação funcionarão até à uma da manhã de domingo e a prever eventuais reações mais ansiosas dos jovens "foram instalados catres nas zonas de vacinação", havendo mais dois espaços preparados para quem precisar de ficar sob observação.

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