Coronavírus

O caminho para o desconfinamento. Israel reabre, Reino Unido começa em março, Itália acelera nas vacinas e EUA com máscaras até 2022

O caminho para o desconfinamento. Israel reabre, Reino Unido começa em março, Itália acelera nas vacinas e EUA com máscaras até 2022
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Saiba como os vários governos estão a preparar os países para a reaberturas dos serviços pós-confinamento. As estratégias são diferentes mas o objetivo é comum: proporcionar uma vida mais próxima da normal sem pôr em causa o combate à pandemia. Boris Johnson anuncia como o Reino Unido vai desconfinar já na segunda-feira. E Israel abriu este domingo para os possuidores de certificado verde

O caminho para o desconfinamento. Israel reabre, Reino Unido começa em março, Itália acelera nas vacinas e EUA com máscaras até 2022

João Miguel Salvador

Coordenador digital

A descida do número de casos registados em Portugal nas últimas semanas é significativa, mas ainda será cedo para um regresso parcial à normalidade. Apesar disso, o governo prepara já a reabertura das escolas — será por aí que o desconfinamento começará no país, garantiu no sábado a ministra Mariana Vieira da Silva — e começam a surgir notícias do regresso da atividade desportiva. Oeiras, por exemplo, já voltou a permitir o surf.

Enquanto isso, e com uma situação epidémica mais controlada, há já países a planear o regresso faseado à normalidade. É o caso de Israel e do Reino Unido, campeões da vacinação, que estão a apresentar planos de reabertura. Itália prepara-se agora para seguir as pisadas britânicas no que à estratégia de vacinação diz respeito, numa altura em que os Estados Unidos optam por falar já possibilidade de as máscaras continuarem a ser usadas até 2022 — mesmo após um regresso ao normal entre o outono e o inverno.

Conheça abaixo os planos de desconfinamento:

REINO UNIDO

Depois da descoberta de uma variante britânica, mais contagiosa, que obrigou a um novo confinamento, Boris Johnson parece agora concentrado na retoma. Depois do anúncio de sábado — o país planeia dar pelo menos uma dose da vacina a todos os adultos até 31 de julho —, o primeiro-ministro prepara-se agora para revelar o plano de desconfinamento para o país.

O anúncio está agendado já para esta segunda-feira (primeiro na Câmara dos Comuns, pelas 15h30, e depois num discurso televisivo, pelas 19h) e Johnson deverá trazer um plano faseado dividido em três momentos, para evitar que um regresso antecipado à realidade possa deitar por terra os esforços das últimas semanas.

Assim, e de acordo com o avançado por vários jornais britânicos, as escolas abrirão mesmo a 8 de março, com as boas notícias a serem dadas também aos idosos em lares — que passarão no mesmo dia a poder contar com uma visita presencial. O regresso das atividades de lazer ao ar livre, como golfe e ténis, assim como piqueniques, também está a ser equacionado. Tanto "The Sun" como "The Telegraph" avançam ainda que será possível o encontro entre duas famílias diferentes ao ar livre no período da Páscoa.

O número 10 de Downing Street estará a apontar a reabertura de lojas não essenciais para abril, mas os cabeleireiros podem ter de esperar um pouco mais — final de abril ou mesmo maio — para conseguirem voltar a receber clientes.

Ainda não é certo que a aviação comercial consiga retomar nos próximos meses no Reino Unido, mas os responsáveis pelas principais companhias aéreas do país (British Airways, easyJet, Jet2.com, Loganair, Ryanair, Tui e Virgin Atlantic) estão a pedir a Boris Johnson que avance com um plano de recuperação para a indústria, que espera voltar a operar no verão — em linha com o plano de vacinação.

ISRAEL

É o país em que a vacinação está mais avançada e de onde continuam a surgir boas notícias sobre a vacinação — A vacina da Pfizer é 98,9% eficaz na prevenção de mortes e a primeira dose tem uma eficácia de 75% —e prepara-se agora para dar início ao desconfinamento. Este domingo foi dia de reabertura de grande parte dos negócios e de se dar início ao uso do certificado verde (que permite aos vacinados e recuperados da covid-19 o acesso a alguns espaços).

Em causa está o comércio de rua, que estava encerrado, os mercados ao ar livre, centros comerciais, bibliotecas e museus, que podem agora eabrir com regras restritas para a prevenção da propagação do novo coronavírus.

Por seu lado, os alunos do quinto e sexto anos do ensino básico e os dos últimos anos do ensino secundário podem regressar às aulas em áreas com baixa taxa de mortalidade, após os mais pequenos, do pré-escolar e primeiros anos do ensino básico, o terem feito há mais de uma semana.

Foi também autorizada a abertura de ginásios, piscinas, hotéis e espaços para eventos desportivos e culturais, como teatros, mas com acesso restrito apenas a quem já tenha recebido as duas doses da vacina ou superado o coronavírus.

Para o provar, os vacinados e recuperados dispõem do denominado certificado verde, um documento digital válido por seis meses que identifica os dados individuais com um código QR. Pode ter-se acesso a ele através de uma aplicação do Ministério da Saúde que ficou disponível esta semana.

O levantamento das restrições integra a segunda fase do desconfinamento que Israel iniciou a 7 de fevereiro, depois de um terceiro confinamento nacional de seis semanas.

O início da terceira fase está previsto acontecer em 07 de março, com a reabertura dos cafés ou restaurantes e o retorno às escolas dos alunos dos cursos que por enquanto continuam com aulas virtuais.

A reabertura gradual no país prossegue quando o aeroporto internacional Ben Gurion se mantém quase totalmente fechado desde o final de janeiro para evitar a entrada de mutações do vírus, sendo que esta semana o seu encerramento foi prolongado até 06 de março.

Israel prossegue com a sua campanha de vacinação, a mais rápida do mundo: mais de 45% da população recebeu, pelo menos, uma dose da vacina Pfizer. Outros números revelam que quase 2,9 milhões de habitantes já foram inoculados com a segunda dose. O Governo procura ter imunizada a maior parte da população no final de março, altura para que estão agendadas eleições.

ESTADOS UNIDOS

Nos Estados Unidos já se procura um regresso à normalidade, que o epidemiologista Anthony Fauci considera possível no outono ou inverno deste ano — concordando assim com a previsão do presidente Biden de que os EUA se estarão a "aproximar da normalidade" nessa altura. Mas não se espere um regresso completo "ao que era em novembro de 2019", alerta Fauci em entrevista ao "Estado da União" da CNN. O uso generalizado de máscaras ainda pode ser predominante em 2022.

Em causa estará a "dinâmica do vírus que está na comunidade", pelo que Fauci diz preferir a cautela à audácia e esperar que não haja "praticamente nenhuma ameaça" da covid-19 antes de dizer que é seguro abandonar a utilização de máscara facial. Numa nota mais positiva, o especialista antevê que a vida será "muito melhor do que o que estamos a viver agora".

A tempestade de inverno que atingiu o Texas — sob estado de catástrofe — e outros estados do sul do país na semana passada causou "um retrocesso temporário" e atrasou cerca de 6 milhões de vacinas para serem lançadas, mas espera-se que a retoma aconteça nos próximos dias.

ITÁLIA

A estratégia britânica, de vacinar o maior número de pessoas com a primeira dose da vacina, estará prestes a ser seguida pelo governo do primeiro-ministro italiano Mario Draghi. De acordo com o jornal "La Stampa" deste domingo, o objetivo é acelerar o programa de vacinação contra a covid-19 em Itália — mesmo que isso implique usar todas as doses disponíveis, sem reservar algumas das vacinas para a segunda injeção.

A decisão é esperada numa altura em que várias regiões já pediram ao governo que aumentasse os esforços para encontrar mais doses de vacina. Para acelerar a campanha de vacinação, a Itália estará a considerar o uso de todos os locais possíveis, públicos e privados para administrar vacinas, numa lista do "Corriere della Sera" deste domingo que inclui estações ferroviárias e áreas de estacionamento.

Além de alterar a estratégia de vacinação, a reunião governamental desta segunda-feira servirá também para estender as restrições de circulação para lá de 5 de março, numa altura em que está prestes a expirar a atual proibição de movimentação entre regiões no país, na quinta-feira.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: jmsalvador@expresso.impresa.pt

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