Coronavírus

Covid-19. Governo contraria diretor das prisões ao Expresso: “Sim, devem ser usadas máscaras dentro das prisões”

Covid-19. Governo contraria diretor das prisões ao Expresso: “Sim, devem ser usadas máscaras dentro das prisões”
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Rómulo Mateus defendeu ao Expresso que não é a máscara que vai travar a subida de casos positivos nas prisões. António Lacerda Sales respondeu na conferência de imprensa do Governo, garantindo que é preciso recorrer à máscara em espaços fechados

A Direção-Geral da Saúde (DGS) vai lançar nos próximos dias uma nova orientação acerca do uso de máscaras, mas nada que altere o discurso que tem sido veiculado há meses: em espaços fechados, as máscaras são indispensáveis. António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, repetiu-o esta tarde, durante a conferência de imprensa de atualização dos números da pandemia.

A questão sobre o uso de máscaras vem na sequência da entrevista dada ao Expresso por Rómulo Mateus, diretor dos serviços prisionais, publicada esta sexta-feira. Apesar da subida do número de casos positivos nas prisões, o responsável defende que não são as máscaras que a vão travar. “Tenho muitas dúvidas sobre o sucesso do uso de máscara no interior da zona prisional”, disse, já “que os reclusos têm muita tendência à confraternização próxima, ao tato físico: ou é o cigarro ou o telemóvel ilícito que partilham, ou a roupa ou os CD que trocam entre si.”

Lacerda Sales referiu que a evolução da pandemia obriga a revisões — “é uma aprendizagem permanente” —, mas não colocou a máscara nessa categoria. “O que me parece é que, sendo um espaço fechado, reitero o que disse a senhora ministra [da Saúde]: sim, devem ser usadas máscaras dentro das prisões.”

Cercas sanitárias? Pandemia é “uma aprendizagem permanente”

O governante recorreu às aprendizagens da pandemia para garantir ainda que, ao contrário do que aconteceu na primeira fase da covid-19 em Portugal, o Governo não considera a hipótese de criar “cercas sanitárias” nos concelhos mais afetados, apesar da “incerteza muito grande no processo pandémico”.

O mesmo serve para as escolas, onde há agora 477 surtos ativos, dispersos pelo país. “Não nos parece que as escolas sejam foco de grande intensidade”, apontou o secretário de Estado, o que significa que fechar escolas continua a ser evitado. “As autoridades de saúde fazem, e muito bem, o seu trabalho de segregação de casos positivos, de contactos de alto risco (...), a escola só fechará se a autoridade de saúde assim entender, de acordo com a estratificação do risco.”

Durante a conferência de imprensa, Lacerda Sales parafraseou ainda outro ministro, o da Administração Interna, Eduardo Cabrita, a propósito do congresso do PCP: “O Governo não pode proibir o que a lei proíbe de proibir.” Remetendo o trabalho técnico e de avaliação de risco para a DGS, o responsável afirmou que “aos governantes não cabe partilhar estados de alma, cabe assegurar que a lei é cumprida, no caso da saúde e da defesa intransigente dos interesses dos portugueses”.

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