Coronavírus

Imunidade à covid-19 pode durar anos (ou mesmo décadas), indica novo estudo

Imunidade à covid-19 pode durar anos (ou mesmo décadas), indica novo estudo
FAROOQ KHAN/EPA

Investigadores certificaram que pessoas infetadas ainda tinham células no organismo que as protegiam do vírus oito meses depois de recuperarem. Estudo ainda não foi revisto por pares nem publicado, mas esta “memória” do organismo em relação ao vírus está em linha com conclusões de outros estudos recentes

A imunidade ao vírus SARS-COV-2, que provoca a covid-19, pode durar anos ou até mesmo décadas, aponta um novo estudo feito pelo instituto La Jolla e a Universidade de San Diego. Os investigadores concluíram que a maioria dos participantes no estudo que recuperaram tinham células que os protegiam do vírus oito meses depois de ficarem infectados, prevenindo assim a doença. Além disso, o baixo ritmo de declínio dessas células no curto prazo indicou aos cientistas que essa capacidade protectora do organismo pode existir durante anos.

O estudo ainda não foi revisto por pares nem publicado em nenhuma revista científica, mas é o trabalho mais amplo sobre memória imunológica ao vírus feito até à data, de acordo com o “The New York Times”.

“Esses níveis de memória [do corpo em relação ao vírus] iriam provavelmente evitar que a vasta maioria das pessoas ficasse severamente doente por muitos anos”, disse ao jornal Shane Crotty, uma das virologistas do instituto La Jolla, responsável pelo estudo.

Esta conclusão é importante porque reforça a tese de que a imunidade ao vírus é longa, o que significa que as futuras vacinas não terão de ser administradas repetidamente para manter a pandemia sob controlo. Outros estudos já tinham indicado o mesmo: investigadores da Universidade de Washington confirmaram que certas “células de memória” ficavam no organismo pelo menos três meses depois da infeção.

Na semana passada, outro trabalho publicado na revista “Nature Medicine” concluiu que quem recuperou do vírus possuía “células de imunidade potentes e protectoras”, mesmo quando anticorpos não eram detectáveis. Uma outra investigação já tinha confirmado que os sobreviventes do vírus SARS, que provocou surtos entre 2002 e 2004, continua a ter células protetoras 17 anos depois da recuperação.

Deepta Bhattacharya, uma imunologista da Universidade do Arizona, garante que todos estes estudos mostram que “depois de as primeiras semanas mais críticas [da doença] estarem ultrapassadas, o resto da resposta [imunitária] parece ser bastante convencional.” E isso são “grandes notícias”, sublinhou.

Têm surgido dúvidas sobre a duração da imunidade ao coronavírus: um dos trabalhos mais citados, conduzido por Jeffrey Sharman na Universidade de Columbia, sugeria que a imunidade seria curta e reinfecções poderiam ocorrer em apenas um ano. “Ver provas de que temos este tipo de resposta persistente e robusta, pelo menos nesta janela temporal, é bastante encorajador”, disse agora este investigador, notando que, para já, os casos de reinfecção de covid-19 parecem ser raros.

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