Coronavírus

Covid: farmacêutica Eli Lilly suspende por “razões de segurança” tratamento semelhante ao que Trump usou. É a 3ª suspensão de testes num mês

Covid: farmacêutica Eli Lilly suspende por “razões de segurança” tratamento semelhante ao que Trump usou. É a 3ª suspensão de testes num mês
Getty Images

Testes estavam a ser realizados a doentes hospitalizados com o vírus

Covid: farmacêutica Eli Lilly suspende por “razões de segurança” tratamento semelhante ao que Trump usou. É a 3ª suspensão de testes num mês

Helena Bento

Jornalista

Depois de há cerca de um mês ter sido suspensa a fase final da vacina que está a ser desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, devido à suspeita de uma reação adversa num dos participantes, e de a empresa Johnson & Johnson ter dito, esta segunda-feira, que interrompeu também os seus ensaios clínicos, eis que é anunciada outra suspensão. Trata-se do ensaio clínico que estava a ser realizado pelo grupo farmacêutico Eli Lilly, sediado nos EUA.

O tratamento com anticorpos, semelhante ao que o Presidente norte-americano, Donald Trump, recebeu depois de ter manifestado sintomas de covid-19 (embora fabricados por outra empresa, a Regeneron), foi suspenso por “razões de segurança”, confirmou a empresa junto de meios de comunicação internacionais. À agência AFP, um porta-voz disse saber que, “por precaução, o comité independente de vigilância sanitária do ensaio ACTIV-3 recomendou uma pausa nos recrutamentos”. A empresa, acrescentou ainda, “apoia a decisão do comité independente de garantir com prudência a segurança dos pacientes que participam no ensaio”.

Testes estavam a ser feitos em doentes hospitalizados com covid-19

Os testes, financiados pelo Governo norte-americano, estavam a ser feitos em doentes hospitalizados com covid-19. Além dos anticorpos foi administrado a todos os participantes do estudo o antiviral remdesivir, o primeiro medicamento autorizado na União Europeia para o vírus, detalha o “New York Times” (recentemente a Comissão Europeia assinou, aliás, um contrato de €70 milhões com a empresa que o fabrica, a Gilead, para a compra de 500 mil doses deste medicamento).

Além de não ser clara a razão pela qual foram suspensos os ensaios clínicos da Eli Lilly, também não se sabe quantos participantes manifestaram reações adversas e que reações foram essas. Segundo o “New York Times”, a suspensão de ensaios clínicos de larga escala não é assim tão incomum e as tais reações adversas podem não resultar necessariamente da administração do medicamento ou da vacina a ser testada.

O tratamento com anticorpos que a empresa estava a testar é similar ao administrado a Donald Trump. Na altura, o Presidente norte-americano garantiu que tinha ficado curado graças a esse tratamento (que é usado em pessoas com várias doenças, incluindo cancro, e consiste na administração de anticorpos monoclonais, isto é, todos iguais, que respondem ao mesmo agente patogénico) e comprometeu-se a disponibilizá-lo a toda a população.

As anteriores interrupções

Também esta terça-feira a Johnson & Johnson anunciou ter interrompido a fase 3 dos seus ensaios clínicos, depois de um dos participantes ter ficado doente. “Eventos adversos, mesmo aqueles que são sérios, constituem uma parte esperada de qualquer estudo clínico, especialmente estudos grandes”, esclareceu a Johnson & Johnson. Citando o “forte compromisso com a segurança”, a farmacêutica referiu que terá de haver “uma revisão cuidadosa de toda a informação médica” antes de se decidir se o estudo poderá ser retomado. “Temos de respeitar a privacidade deste paciente”, sublinhou, destacando a importância de reunir “todos os factos” antes de partilhar “informação adicional”.

Há cerca de um mês, também a AstraZeneca anunciou a suspensão da fase final dos testes da vacina que está a desenvolver em parceria com a Universidade de Oxford. Em comunicado então divulgado, a empresa confirmou “uma pausa na vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança”, depois de ter surgido uma suspeita de reação adversa num dos participantes do estudo. Foi esta a vacina que Portugal reservou, estando previsto chegar ao país 6,9 milhões de doses, 690 mil delas já em dezembro.

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