Coronavírus

Liberdade para alguns, fim de aulas presenciais para outros e mais restrições para todos: covid-19, ponto da situação em Portugal

Liberdade para alguns, fim de aulas presenciais para outros e mais restrições para todos: covid-19, ponto da situação em Portugal
Ana Baião

A curva de novas infeções continua estável, o que não deve servir para “abrandar medidas”. Durante os próximos cinco dias, elas serão mais rígidas. As forças de segurança já começaram a apertar o cerco

Mais de 100 propostas para enfrentar a pandemia de covid-19 em Portugal foram aprovadas esta tarde numa verdadeira maratona parlamentar. Entre elas está a que elevou mais alto a voz da oposição: a libertação de cerca de mil presos. A esquerda votou a favor, o PAN absteve-se, a direita votou contra. A proposta não serve para todos os presos (veja AQUI quais terão direito a indulto, redução de pena ou liberdade condicional).

Mas houve mais. Ficou decidido um alargamento da autonomia das autarquias para responder à crise, a interrupção de cortes na água, na luz e no gás durante o estado de emergência, e até um mês depois, o mesmo acontecendo às telecomunicações de quem fique desempregado ou tenha quebras de pelo menos 20% do rendimento familiar.

O PSD votou contra todas as propostas, por causa do “folclore parlamentar”, mas à esquerda aprovaram-se ainda mais algumas, como a extensão do apoio às famílias com crianças na creche, os apoios à produção cultural e profissionais do espetáculo ou o alargamento do fornecimento de alimentação das escolas ao escalão B da ação social escolar. Veja tudo aqui.

Esta quarta-feira foi ainda o dia em que se deu mais um passo numa ideia que já ronda pais, professores e alunos há semanas: é provável que não volte a haver aulas presenciais este ano, pelo menos no ensino básico. Para o secundário, que tem exames nacionais, haverá nova avaliação daqui por três semanas. A decisão é do Governo, mas a informação veio da boca do líder da oposição. Rui Rio tem sido, aliás, a 'mão amiga' de António Costa.

Num dia com mais 35 mortes e 699 infetados, a notícia não são as taxas de aumento (10,1% a primeira, 5,6% a segunda), quase iguais às de terça-feira, mas a “estabilidade” das duas curvas, que levam a Direção-Geral da Saúde (DGS) a admitir a hipótese de estarmos já a passar pelo pico da pandemia.

Nada que deva fazer atenuar as restrições. “Se abrandarmos medidas, podemos ter um segundo pico ou planalto e uma segunda ou terceira onda. Temos de olhar para estes dados com muita cautela e precaução”, alertou Graça Freitas, a diretora-geral da Saúde. É que esta doença “não é como a gripe” e “estabilidade” não significa fim. Portugal tem nesta altura 13.141 infetados, 380 mortos e 196 recuperados da covid-19. Estão 245 pacientes em unidades de cuidados intensivos, depois de um dia, o primeiro, em que o indicador desceu.

Longe de apertar menos, Portugal prepara-se para apertar mais: este foi o último dia antes da entrada em vigor do artigo “Limitação à circulação no período da Páscoa”, que envolve confinamento concelhio e interdição de voos de e para o país. Já a preparar o reforço do policiamento, o fim de tarde foi de dificuldades na circulação um pouco por todo o país. Operações policiais em Lisboa e Porto causaram longas filas de trânsito. Questionada pelo Expresso, fonte policial explicou que “não é feita uma fiscalização rodoviária exaustiva”, como se faria noutras circunstâncias, “mas sim um controlo o mais célere possível, para perceber onde as pessoas pretendem ir e porquê”.

Não é só a infeções e mortes que devemos fazer contas. O mês de abril ainda agora começou e a devastação social e económica da pandemia já se faz sentir, com um ritmo de 4.098 novos desempregados por dia e mais de 40 mil empresas em lay-off. Num tempo de incertezas, se há algo que sabemos é que ela não vai parar por aqui.

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