Coronavírus

“Notícias terrivelmente tristes” no Reino Unido e o regresso (apressado?) à normalidade em alguns países: covid, ponto da situação mundial

Quando participou no aplauso nacional aos profissionais de saúde, a 2 de abril de 2020, a aparência do primeiro-ministro foi considerada pouco saudável
Quando participou no aplauso nacional aos profissionais de saúde, a 2 de abril de 2020, a aparência do primeiro-ministro foi considerada pouco saudável
PIPPA FOWLES / DOWNING STREET

Um olhar global para o que de mais relevante aconteceu esta segunda-feira

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, foi transferido esta segunda-feira para os cuidados intensivos depois de as suas condições de saúde terem piorado. A informação foi avançada por Downing Street. “O primeiro-ministro está ao cuidado dos médicos do St Thomas’ Hospital, em Londres, desde a noite de domingo, depois de ter dado entrada com sintomas persistentes de coronavírus. Ao longo desta tarde, a condição do primeiro-ministro piorou e, por advertência da sua equipa médica, foi transferido para a unidade de cuidados intensivos do hospital”, revelou o Governo britânico em comunicado.

A pedido de Johnson, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, assumirá a condução dos trabalhos do Executivo “quando necessário”. Em declarações à BBC, o chefe da diplomacia britânica garantiu que o primeiro-ministro está “em boas mãos” e a receber “cuidados excelentes”. A apoiar Johnson está um “espírito de equipa incrivelmente forte” e os seus ministros estão concentrados em concretizar os planos que o chefe do Governo delineou para o país atravessar a pandemia, acrescentou.

O novo líder do Partido Trabalhista britânico, Keir Starmer, reagiu no Twitter ao que descreveu como “notícias terrivelmente tristes”. O sucessor de Jeremy Corbyn, que assumiu no sábado a liderança do maior partido da oposição, acrescentou: “Todos os pensamentos do país estão com o primeiro-ministro e a sua família durante este período incrivelmente difícil”.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, desejou as melhoras a Johnson, descrevendo-o como “um grande amigo seu e do país” e como alguém “muito especial, forte e resoluto”. Questionado sobre se tomaria medidas para se distanciar fisicamente do seu vice-Presidente, Mike Pence, no sentido de proteger a continuidade governativa, Trump respondeu: “Não, não me parece”. Ao seu lado, Pence disse que foi submetido a um teste horas antes e que acusou negativo.

O regresso (apressado?) à normalidade

Ainda antes da notícia do agravamento do estado de saúde de Johnson, responsáveis da saúde no Reino Unido deixaram o aviso: “Sem sabermos quando é o pico, não podemos retirar qualquer restrição”. Isto no dia em que alguns países ensaiaram um regresso à normalidade: a Áustria já avançou com datas para começar o levantamento faseado das restrições; a Dinamarca poderá começar a reabrir escolas e infantários a meio da próxima semana, de forma “controlada e prudente”; a Noruega anunciou que a epidemia está sob controlo no país; e a Rússia retomou alguns voos internacionais para repatriar os seus cidadãos.

Em sentido oposto, o governador de Nova Iorque, estado considerado o epicentro da pandemia nos EUA, prolongou as medidas de confinamento até ao dia 29. E a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que ainda é cedo para falar em alívio das medidas de confinamento. O levantamento ou o alívio das medidas depende de um conjunto de fatores e, quando chegar o momento certo, esse alívio ocorrerá gradualmente, precisou Merkel, acrescentando que não pode avançar uma data. “A pior coisa seria declararmos um alívio apenas para termos de voltar atrás no caso de haver mais mortes”, sublinhou.

Noutra frente, Merkel referiu que a resposta à crise só poderá passar por “mais Europa, uma Europa mais forte e uma Europa que funcione bem”. O Banco Central Europeu (BCE) comprou na semana passada dívida pública e privada da Zona Euro no valor de 30.153 milhões de euros com o programa de emergência lançado devido à pandemia de covid-19. E Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, admitiu que os ‘eurobonds’ podem ser rejeitados nesta altura mas assegurou que haverá “algum tipo de compromisso”. Esta terça-feira, na quarta reunião por videoconferência em pouco mais de um mês, o Eurogrupo tentará aproximar posições e chegar a uma resposta comum.

Novas diretrizes sobre o uso de máscaras

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que irá emitir novas diretrizes sobre o uso de máscaras mas deixou um aviso aos países que as querem generalizar. Ainda sobre máscaras: o CEO da Apple, Tim Cook, anunciou que a empresa poderá produzir um milhão de máscaras por semana a partir do próximo fim de semana, enquanto os EUA desmentiram o desvio de máscaras de proteção destinadas à Alemanha.

Nas atualizações diárias sobre os números de mortos, infetados e recuperados, há vários países que sobressaem. Os EUA registaram mais 756 mortes nas últimas 24 horas, elevando o número total de óbitos para 10.372. No mesmo período, foram reportados 15.576 novos casos de infeção, que totalizam agora 352.249. O número de casos recuperados no país é de 19.247. Já o Reino Unido reportou mais 439 mortes, elevando o total para 5.373 óbitos. Há um total de 51.608 casos de infeção e 135 recuperados.

As autoridades francesas de saúde reportaram esta segunda-feira mais 833 mortes nas últimas 24 horas, o que eleva o número total de óbitos no país para 8.911. O número total de casos de infeção está nos 98.010, refletindo já um acréscimo de 5.171 face aos dados da véspera. O número de recuperados no país totaliza 17.250. A Itália registou mais 636 mortos em 24 horas, o que corresponde a um aumento face à véspera. O país tem atualmente 16.523 óbitos desde o início da pandemia. Há um total de 132.547 casos de infeção no país, o que já reflete os 3.599 novos casos reportados. O total de casos de recuperação em solo italiano é de 22.837.

Foram registadas mais 101 mortes nos Países Baixos, elevando o total de óbitos para 1.867. Uma nota positiva: trata-se do número mais baixo de mortes no espaço de uma semana.

O Brasil registou 67 novas mortes nas últimas 24 horas, elevando para 553 o número total de óbitos no país. O número de casos confirmados de infeção aumentou em 802, totalizando neste momento 12.056. O número de recuperados é de 127.

São Tomé e Príncipe, que era até esta segunda-feira o único país lusófono sem casos reportados de infeção, anunciou quatro casos positivos. Ainda em África, o Benim anunciou a primeira morte associada ao coronavírus, que já infetou perto de 9.500 pessoas e provocou a morte de mais de 440 em todo o continente. E a UE defendeu uma “abordagem global” para o perdão da dívida em África.

Neste link pode ver, em seis gráficos e num mapa, como num só dia o mundo superou todo o surto chinês.

O coelho da Páscoa é um “trabalhador essencial”

Esta segunda-feira também foi notícia a morte da mãe de Pep Guardiola, técnico espanhol do Manchester City, aos 82 anos, vítima de covid-19.

As tropas norte-americanas decretaram emergência de saúde em bases no Japão devido ao “aumento constante” de casos.

Em plena semana pascal, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, disse que o coelho da Páscoa é um “trabalhador essencial”, pelo que não irá parar. Numa mensagem dirigida às crianças, a governante também deixou sugestões para a quadra.

A fechar, saiba que um ensaio clínico usou com sucesso um fármaco para a artrite reumatoide no combate ao coronavírus.

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