Ciência

NASA gravou um “demónio de poeira” em Marte – ouça este som do além, sem nada de sobrenatural

'Selfie' tirada pelo rover Perseverance na superfície marciana
'Selfie' tirada pelo rover Perseverance na superfície marciana
NASA/JPL-Caltech/MSSS

O fenómeno, captado pela primeira vez pelo rover Perseverance, nada mais é do que um redemoinho de poeira, algo que também acontece na Terra

A deambular no planeta vermelho desde 18 de fevereiro de 2021, o rover Perseverance captou pela primeira vez o som de um “demónio de poeira” em Marte. Não se assuste. Da mesma forma que ainda não foram encontradas assinaturas de qualquer forma de vida marciana, também nenhuma entidade sobrenatural se mostrou interessada em comunicar com o ser humano até hoje.

“Captei a primeira gravação áudio de um demónio de poeira em Marte. Eles acontecem com bastante frequência por aqui, mas sem aviso prévio e nem sempre são fáceis de apanhar. Mas com um pouco de perseverança é possível”, escreveu a NASA na conta de Twitter dedicada a esta missão.

O fenómeno registado pelo microfone SuperCam do robô da NASA nada mais é do que um redemoinho de poeira, num mundo onde as tempestades de areia são intensas e frequentes. Na gravação, registada em 7 de setembro de 2021 e só agora divulgada, é possível ouvir grãos de poeira a atingir o aparelho.

Estes redemoinhos de poeira, também gerados na Terra, são provocados pela “subida do ar durante a parte quente do dia”, o que “causa instabilidades, e a poeira levantada por uma rajada aquece ainda mais o ar”, explica Roger Wiens, investigador principal da SuperCam do rover Perseverance.

Os “demónios de poeira” marcianos foram detetados pela primeira vez, em 1977, quando a espaçonave Viking 1 orbitou o planeta. Desde então, quase todos os engenhos que pousaram na superfície de Marte experienciaram os efeitos destes redemoinhos, que até podem ser benéficos e prolongar o tempo de vida dos rovers, uma vez que podem ajudar a limpar os painéis.

Esta é só mais uma façanha do Perseverance. Desde que ‘amartou’, o rover já foi capaz de produzir cinco gramas de oxigénio em Marte – suficiente para que um astronauta pudesse respirar durante 10 minutos no planeta vermelho –, além de ter realizado os primeiros voos noutro mundo, através do pequeno e leve helicóptero ‘Ingenuity’.

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