Abusos

Abusos sexuais: lista de 24 suspeitos, entre os quais cinco padres no ativo, entregue ao Patriarcado de Lisboa, que não os suspende para já

Cardeal patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente (à esq.) com José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
Cardeal patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente (à esq.) com José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
MIGUEL A. LOPES/LUSA

A lista com 24 nomes foi enviada pela Comissão Indepedente ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente. Patriarcado de Lisboa diz que precisa de mais informações para suspender os sacerdotes no ativo

A Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa informa, em comunicado, que recebeu uma lista de 24 suspeitos de abusos sexuais. Destes, cinco são sacerdotes no ativo e não vão ser afastados pela Igreja do exercício das suas funções.

Da lista enviada pela Comissão Independente ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, constam oito padres já falecidos, dois sacerdotes “doentes e retirados”, três “sem qualquer nomeação”, cinco ainda no ativo, quatro nomes “são desconhecidos”, um refere-se a um “leigo” e outro a um padre que “abandonou o sacerdócio”, pode ler-se na nota enviada esta sexta-feira à comunicação social.

O Patriarcado de Lisboa pede mais informações à Comissão Independente, antes de avançar com eventuais medidas suspensivas. “Esta Comissão Diocesana solicitou de imediato, à Comissão Independente, os dados respeitantes à lista nominal, de forma a tornar possível a entrega ao Cardeal-Patriarca das recomendações que lhe permitam fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo e assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas”, refere o comunicado.

“A Comissão Diocesana aguarda com carácter de urgência a resposta da Comissão Independente”, acrescenta.

O Patriarcado de Lisboa acrescenta que, assinado o protocolo de colaboração com a APAV, “prossegue a sua determinação em erradicar o drama dos abusos contra menores e adultos vulneráveis, não só na área da prevenção, mas também no apoio que desejamos prestar a todas as vítimas, que permanecem no centro de todas as prioridades do trabalho desenvolvido por esta Comissão Diocesana”.

Entretanto, e cumprindo as determinações saídas da última Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), os membros do clero que integravam a Comissão do Patriarcado foram substituídos por leigos, cabendo agora a coordenação interina ao antigo procurador-geral da República Souto Moura.

Souto Moura é o presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.

Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.

No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais “devem ser entendidos como a ‘ponta do iceberg’” deste fenómeno.

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