A Comissão de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa informa, em comunicado, que recebeu uma lista de 24 suspeitos de abusos sexuais. Destes, cinco são sacerdotes no ativo e não vão ser afastados pela Igreja do exercício das suas funções.
Da lista enviada pela Comissão Independente ao cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, constam oito padres já falecidos, dois sacerdotes “doentes e retirados”, três “sem qualquer nomeação”, cinco ainda no ativo, quatro nomes “são desconhecidos”, um refere-se a um “leigo” e outro a um padre que “abandonou o sacerdócio”, pode ler-se na nota enviada esta sexta-feira à comunicação social.
O Patriarcado de Lisboa pede mais informações à Comissão Independente, antes de avançar com eventuais medidas suspensivas. “Esta Comissão Diocesana solicitou de imediato, à Comissão Independente, os dados respeitantes à lista nominal, de forma a tornar possível a entrega ao Cardeal-Patriarca das recomendações que lhe permitam fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo e assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas”, refere o comunicado.
“A Comissão Diocesana aguarda com carácter de urgência a resposta da Comissão Independente”, acrescenta.
O Patriarcado de Lisboa acrescenta que, assinado o protocolo de colaboração com a APAV, “prossegue a sua determinação em erradicar o drama dos abusos contra menores e adultos vulneráveis, não só na área da prevenção, mas também no apoio que desejamos prestar a todas as vítimas, que permanecem no centro de todas as prioridades do trabalho desenvolvido por esta Comissão Diocesana”.
Entretanto, e cumprindo as determinações saídas da última Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), os membros do clero que integravam a Comissão do Patriarcado foram substituídos por leigos, cabendo agora a coordenação interina ao antigo procurador-geral da República Souto Moura.
Souto Moura é o presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação, para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram arquivados.
Os testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, o espaço temporal abrangido pelo trabalho da comissão.
No relatório, divulgado em fevereiro, a comissão alertou que os dados recolhidos nos arquivos eclesiásticos sobre a incidência dos abusos sexuais “devem ser entendidos como a ‘ponta do iceberg’” deste fenómeno.
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