“Vivemos uma situação dramática”, afirmou o bispo José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), depois da conferência de imprensa da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja. “O primeiro pensamento vai para as vítimas e um grande agradecimento à comissão que nos permitiu verificar a situação que nós temos. Era o nosso objetivo.”
O bispo adiantou ainda que a CEP contou “com pessoas competentes e apaixonadas pelo trabalho” junto da comissão liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht. E acrescentou: “Não se pode passar por isto sem emoção profunda. Trabalharam muito. O primeiro pensamento vai para as vítimas. O segundo para a comissão. Um grande, grande agradecimento.”
José Ornelas revelou que a CEP está a analisar o relatório produzido pela Comissão Independente, remetendo os os comentários da Igreja para a comunicação da CEP que se realiza esta segunda-feira à tarde na Universidade Católica, com direito a algumas perguntas dos jornalistas.
Esta manhã, a Comissão Independente revelou que houve 512 testemunhos validados de vítimas de padres, num total de 564 testemunhos. A rede de vítimas pode eventualmente chegar a “um número mínimo” de 4815 pessoas. Esse número é apenas a ponta do icebergue.
Pedro Strecht avançou também que 52% das vítimas de abusos de padres eram rapazes e 42% raparigas, um número superior ao de outros estudos independentes a abusos da Igreja na Europa. A esmagadora maioria das crianças foi abusada mais do que uma vez.
Segundo os dados da comissão, 58% das vítimas vivia com os pais, 20% em instituições e 7% viva apenas com a mãe.
Strecht adiantou que 25 dos casos seguiram para o Ministério Público abrir investigações. O responsável admite que é um número baixo explicado pela prescrição e anonimato.
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