Portugal perdeu 13,5 km2 de costa, entre 1958 e 2021 e, de acordo com as projeções de um dos estudos do “Roteiro Nacional para a Adaptação 2100”, poderá ver afetados um total de 547 km2 de zonas costeiras e estuarinas até final do século.
Entre os distritos de Viana do Castelo e de Faro estarão em situação de vulnerabilidade 20.288 edifícios, onde residem perto de 53 mil pessoas, de acordo com a modelação de impactos sectoriais que integra esta avaliação da vulnerabilidade do território português às alterações climáticas no século XXI.
Isto, pensando num cenário intermédio de alterações climáticas (conhecido como RCP4.5), que projeta uma subida média da temperatura de 3,5°C (por comparação à época pré-industrial), mais do dobro dos 1,5°C ambicionados no Acordo de Paris. Porém, como sublinha o coordenador científico do Roteiro (apresentado a 2 de maio) não se podem “descurar as incertezas dos modelos climáticos à escala global nem a evolução geopolítica mundial”.
Pedro Matos Soares lembra também que “os custos totais da inação face a estas projeções nacionais ascendem a €12 mil milhões, mas se forem reforçadas medidas de adaptação, como a manutenção de estruturas de defesa costeira, os enchimentos de praias com areia ou a acomodação de estruturas em cotas mais elevadas, verifica-se que custa menos investir na ação do que enfrentar os custos económicos da inação”. E isto são cálculos por baixo, tendo em conta a dificuldade em Portugal de se obterem dados para uma avaliação económica real.
Iniciado em 2020, o projeto promovido pela Agência Portuguesa do Ambiente contou com uma vasta equipa de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, assim como do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, do Banco de Portugal e da Direção-Geral do Território.
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