O novo secretário de Estado adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, é um profundo conhecedor das políticas de educação não superior, tendo vários trabalhos publicados nesta área, nomeadamente sobre reformas educativas e autonomia das escolas. Pelo seu percurso, era, aliás, um dos nomes de que mais se falava para liderar o Ministério da Educação que, para surpresa geral, acabou por ser entregue a Fernando Alexandre.
Antigo assessor parlamentar do CDS-PP entre 2012 e 2015, Alexandre Homem Cristo, de 39 anos, foi membro do Conselho Nacional de Educação (2013/2015), colaborou com o Fórum para a Liberdade de Educação e assinou o estudo Escolas para o Século XXI, publicado em 2013 pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que compara diferentes sistemas de ensino e modelos de financiamento e os seus efeitos no desempenho escolar e na integração social dos alunos.
Licenciado em Ciência Política na Universidade Católica, foi um dos fundadores da revista digital de Política Educativa 20/20 e escreve regularmente sobre educação há mais de uma década, assinando uma coluna de opinião, primeiro no jornal i e, desde 2014, no Observador.
Nas suas intervenções, tem defendido sempre a autonomia das escolas, incluindo para a seleção dos professores, e a liberdade de escolha dos estabelecimentos de ensino por parte das famílias. “Antes, pedia-se às escolas que fossem iguais, agora pede-se que sejam diferentes e geradoras de soluções educativas à medida do seu contexto. Assim sendo, a lei também tem de mudar – justifica-se que os pais ponderem e selecionem a oferta educativa que melhor responde às necessidades de um filho”, escreveu, num artigo publicado em 2017 no Observador.
Numa entrevista dada em 2012 ao Conselho Europeu de Associações Nacionais de Escolas Independentes, perguntaram-lhe qual seria a sua primeira medida caso se tornasse ministro da Educação: “Primeiro de tudo, libertava a informação. Permitiria a difusão de informação sobre a qualidade nas escolas, perfis de alunos e assim por diante. Iria encontrar‐me com todos os diretores das escolas e perguntar‐lhes o que precisam, quais os obstáculos que enfrentam para a sua autonomia. Por fim, gostaria de tentar implementar uma medida que está a faltar na educação portuguesa: a liberdade dos diretores em escolherem os seus professores”, respondeu.
Pelo seu conhecimento da área, Homem Cristo é um nome respeitado no setor mesmo mais à esquerda, apesar das diferenças ideológicas.
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