Quarta-feira de manhã, mais de 50 pessoas enregeladas aguardavam de pé na Gare do Oriente, em Lisboa, formando uma longa fila junto a uma banca onde estão instaladas duas estranhas esferas metálicas do tamanho de uma bola de futebol. Todas tinham uma marcação para estar ali, a uma hora específica, embora a maioria não soubesse exatamente o que ia fazer. “Não faço ideia, mas uns amigos disseram-me que se instalasse uma aplicação e viesse aqui podia receber muitas moedas. É uma ajuda, porque tenho uma bebé e não estou a trabalhar”, diz Armela, guineense de 22 anos. Uns metros atrás, Basit Ahmed, que chegou há oito anos do Bangladesh, sabe apenas que lhe vão tirar uma “fotografia” e que vai receber por isso. “Um amigo fez há duas semanas e deram-lhe €90. Não sei para que querem a minha cara, mas não importa. Só importa o dinheiro.” Fernanda Marques, de 63 anos, também está ali por necessidade, mas não partilha a descontração. Está visivelmente receosa. “Se calhar estou a meter-me numa embrulhada, mas preciso do dinheiro. O ordenado mínimo não chega para nada”, desabafa.
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