Sociedade

Mais de 41 mil nascimentos no 1.º semestre: natalidade volta a aumentar depois de quebra histórica na pandemia

Mais de 41 mil nascimentos no 1.º semestre: natalidade volta a aumentar depois de quebra histórica na pandemia
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Instituto Ricardo Jorge realizou mais de 41 mil testes do pezinho a recém-nascidos no primeiro semestre de 2023. Trata-se do segundo ano consecutivo de aumento

Pelo segundo ano consecutivo, o número de nascimentos em Portugal voltou a aumentar nos primeiros seis meses do ano. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), 41.892 recém-nascidos realizaram o teste do pezinho ao abrigo do Programa de Rastreio Neonatal, noticiam o Jornal de Notícias e o Público.

Como nos anos anteriores, a maioria dos recém-nascidos encontram-se em Lisboa (12.613) e Porto (7.550). Por oposição, os distritos do interior – nomeadamente Portalegre (253), Bragança (305) e Guarda (308) – registam os valores mais baixos. Janeiro foi o mês com mais nascimentos.

Testes do pezinho por distrito


Este número não corresponde à totalidade de nascimentos que ocorreram no país, mas permite compreender as tendências na natalidade nacional. Assim, e depois da quebra histórica do número de nascimentos em 2021 (quando nasceram menos de 80 mil crianças em Portugal), regista-se pelo segundo ano consecutivo uma tendência de incremento.

Os testes do pezinho realizados nos primeiros seis meses de 2023 mostram um aumento de 6% face ao ano passado (mais 2405) e de 11% relativamente a 2021 (mais 4127). Nestes dois anos registou-se o menor número de nascimentos desde 2015, tanto nos primeiros seis meses como no total do ano. Foram os únicos anos em que os bebés estudados pelo INSA ficaram abaixo dos 40 mil.

Testes do pezinho


O nascimento de filhos de mãe estrangeira pode ser um dos fatores que ajuda a explicar este incremento, consideram os especialistas ouvidos pelo JN e Público. Em 2021, representaram 14% do total de nascimentos em Portugal.

O aumento pode também revelar o impacto pós-pandemia. Depois de adiarem os nascimentos de filhos devido à incerteza causada pela covid-19, é possível que muitas mulheres - sobretudo entre os 30 e 35 anos - estejam agora a retomar esses planos.

Portugal acompanha assim a tendência na União Europeia. Depois de dois anos em queda devido à covid-19, a população europeia aumentou. De acordo com dados da Eurostat divulgados esta terça-feira, em 2022 a UE ganhou quase 1,7 milhões de pessoas.

No caso europeu, embora continuem a registar-se mais óbitos que nascimentos, o saldo natural negativo foi compensado pela migração. “O crescimento populacional observado pode ser atribuído em grande parte ao aumento dos movimentos migratórios pós-COVID-19 e ao afluxo em massa de pessoas deslocadas da Ucrânia, que receberam estatuto de proteção temporária em países da UE, como consequência da invasão russa em fevereiro de 2022.”

Segundo a Eurostat, Portugal é um dos países onde a população cresceu, também devido à imigração. Em 2022, o país ganhou cerca de 156 mil habitantes embora continuemos a ter mais óbitos (124.300) que nascimentos (83.700).

Na Europa não há nenhum país onde a população tenha crescido apenas devido ao saldo natural, tendência que se mantém desde 2012 e que Gabinete de Estatísticas da União Europeia prevê que se mantenha.

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