Sociedade

O que se aprendeu com o incêndio da Serra da Estrela de 2022? Há 45 medidas para tomar

O que se aprendeu com o incêndio da Serra da Estrela de 2022? Há 45 medidas para tomar
NUNO ANDRÉ FERREIRA/Lusa

O Relatório das Lições Aprendidas no incêndio da Serra da Estrela de 2022, divulgado esta quinta-feira, identifica “45 ações a corrigir” e 12 medidas a adotar já este ano, sobretudo ligadas a “aspetos organizacionais”

Oito meses após o grande incêndio que devastou 28 mil hectares na região da Serra da Estrela, 25% dentro do Parque Natural, o prometido “Relatório das lições aprendidas” vê a luz do dia. O documento, tornado público esta quinta-feira, dá conta de que “são necessárias 45 ações corretivas” no sistema de gestão integrada de incêndios rurais e que estas passam sobretudo por melhorias dentro e na articulação entre as diferentes organizações, já que 81% das medidas sugeridas estão relacionadas com o que chamam de “interoperabilidade, liderança, procedimentos e doutrina”.

O fogo que deflagrou na madrugada de 6 de agosto, no Garrocho, na Covilhã, não foi debelado na primeira hora e meia de combate e acabou por estender-se para os concelhos de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira, e sofrer reacendimentos ou reativações, e só foi dado como extinto ao fim de duas semanas.

Para que situações idênticas não se repitam, a Subcomissão Nacional de Lições Aprendidas recomenda a aplicação de uma dúzia de medidas já este ano. Entre estas, consta “o empenhamento de agentes com formação especializada em comportamento do fogo para apoio na definição de estratégias, táticas e manobras em dias de comportamento extremo do fogo para acompanhamento das ocorrências e apoio aos comandos regionais, tal como é feito neste momento ao nível nacional pelo NADair (Núcleo de Apoio à Decisão)”. Ou seja, a ideia é ter ao nível regional equipas especializadas para dar melhor apoio à decisão mais próxima do palco de operações e tornar mais eficiente o ataque inicial.

Outra das recomendações passa pelo “reforço de equipas especializadas para acionamento precoce para combate apeado em zonas de reduzida acessibilidade e relevo acidentado”. Isto é, constatando que a maioria dos agentes das várias forças no terreno pouco se distanciavam das estradas e das povoações, o objetivo é formá-los até ao verão para que atuem mais na floresta e façam melhores rescaldos.

Também os manuais dos elementos das Forças Armadas que pilotam os meios aéreos devem ser atualizados e os pilotos formados sobre o comportamento do fogo, para evitar que a sua aproximação “incremente a combustão e/ou projeções para zona critica”, como terá acontecido numa situação a 15 de agosto durante a recolha da equipa helitransportada.

O relatório também concluiu que as faixas de gestão de combustível não fazem milagres perante incêndios extremos, como foi o caso.

Estas são algumas das sugestões entre as 45 ações a corrigir de acordo com o relatório elaborado pela Subcomissão Nacional de Lições Aprendida, presidida pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais e que integra membros da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, da Polícia Judiciária, da GNR, das Forças Armadas, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera e da Liga dos Bombeiros de Portugal.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: ctomas@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas