14 janeiro 2023 22:02

Eletrodomésticos duravam décadas, agora escassos anos
harold m. lambert/getty images
Na era da obsolescência prematura, eletrodomésticos, gadgets e outros produtos sobrevivem pouco tempo
14 janeiro 2023 22:02
Ao fim de quatro anos, o frigorífico deixou de funcionar: a garantia era de dois. Chamado o técnico para repará-lo, sai o veredicto: “Só se quiser comprar um compressor novo que custa €300, mas não aconselho.” Na loja, onde se compra o novo agora com uma garantia de três anos (20 anos para o compressor no caso da marca escolhida), salta a mensagem do vendedor: “Os eletrodomésticos hoje são feitos para não durar muito mais do que o tempo de garantia.”
A situação aqui descrita não é isolada: 76% dos consumidores europeus dizem ter experienciado falhas inesperadas dos produtos nos últimos três anos e mais de 80% querem mais informação sobre durabilidade e capacidade de reparação. Por trás desta realidade está a obsolescência prematura (ou mesmo programada) de grandes e pequenos eletrodomésticos, computadores, telemóveis e outros gadgets, associada ao consumo massificado. Em consequência, esvazia-se a carteira das famílias e aumenta-se a pegada ambiental com a extração de matérias-primas, seguida da poluição gerada no fabrico dos produtos e, posteriormente, na sua rejeição no fim de uma vida cada vez mais curta.