Está cá desde janeiro de 2019, foi detetada pela primeira vez numa planta de lavanda, num zoo em Vila Nova de Gaia, e desde então tem feito o seu percurso pelo país. A Xylella fastidiosa já foi confirmada em 13 zonas diferentes, de Mirandela a Tavira. Cada vez que é detetada num novo local, é obrigatório abater todas as plantas que testem positivo a esta bactéria, bem como todas as plantas hospedeiras, num raio de 50 metros. “É um caso que preocupa os agricultores, mas não é um problema para já muito relevante”, diz Francisco Pavão, que integra a direção da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).
A Xylella fastidiosa é uma das bactérias vegetais mais perigosas a nível mundial e afeta centenas de plantas. “Alguns autores contabilizam mais de 500 plantas que podem ser hospedeiras desta bactéria, incluindo espécies de elevado valor económico agrícola, florestal ou ornamental”, afirma Ana Aguiar, professora em Engenharia Agronómica na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Destacam-se espécies como a oliveira, videira, figueira, amendoeira, sobreiro, nogueira, laranjeira, limoeiro, entre outros.
A bactéria é normalmente transmitida às plantas por um inseto. A cigarrinha-da-espuma é considerada o principal vetor da Xylella fastidiosa na Europa e é uma espécie muito frequente em Portugal, nota a investigadora no Centro GreenUPorto. Quando infetadas, as espécies vegetais apresentam sintomas semelhantes aos da falta de água: “dessecamento e morte das extremidades das folhas e caules da planta”, esclarece ainda Ana Aguiar. Isto acontece porque a bactéria obstrói os vasos xilémicos, que transportam água e nutrientes das raízes para os caules e folhas.
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